Atualizado em 08/05/2006 às 19h39

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O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, enviou nesta segunda-feira uma carta sem precedentes ao presidente americano, George W. Bush, na qual sugere formas de reduzir a tensão provocada pelo programa nuclear da República Islâmica. No entanto, não se sabe se ele ofereceu algum tipo de acordo.

A Casa Branca disse desconhecer qualquer carta de Ahmadinejad, e o chefe do serviço de inteligência dos EUA, John Negroponte, disse que ela pode ter sido programada para influenciar o debate do Conselho de Segurança.

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Segundo o governo iraniano, a carta a Bush busca "novas formas de sair da atual situação delicada no mundo".

Esta é a primeira vez que um presidente do Irã faz uma comunicação pessoal - ao menos divulgada publicamente - a um presidente americano desde a Revolução Islâmica de 1979. Os EUA e o Irã romperam as relações diplomáticas em 1980, em meio a uma crise que começou quando um grupo de estudantes radicais invadiu a embaixada americana em Teerã e fez 52 americanos reféns.

O porta-voz do governo iraniano, Gholamhossein Elham, disse que a carta mencionava a disputa nuclear, mas ele não quis explicar se o texto propunha negociações diretas com os EUA.

Washington vem buscando um consenso com outras potências nucleares para que a ONU tome providências contra o programa nuclear iraniano, suspeito de ter finalidades bélicas. Teerã garante que o programa é voltado exclusivamente para a geração de energia com fins civis.

- Certamente, uma das hipóteses a examinar é se e de que forma o momento do despacho da carta está ligado a tentativas de influenciar o debate diante do Conselho de Segurança - disse Negroponte a jornalistas.

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Rússia e China, que têm poder de veto no Conselho, temem que Washington aprove uma resolução na ONU que depois lhe sirva de pretexto para uma ação militar.

A Grã-Bretanha tenta afastar este temor, e seu primeiro-ministro, Tony Blair, disse que não haverá invasão e que a hipótese de um bombardeio militar contra o Irã "seria absolutamente absurda".

A cotação do petróleo caiu após a notícia da carta, com a esperança de que Ahmadinejad tenha adotado um tom conciliador. Mas não há sinais de que Teerã vá desistir de enriquecer combustível nuclear, como exige o Ocidente.

Analistas acham que a carta pode ser uma tentativa de marcar posição por parte do Irã, que, após anunciar suas primeiras experiências com urânio enriquecido, sente-se cada vez mais uma potência regional.

- É um tipo de anúncio ou abordagem a partir de uma posição de poder, a de que o Irã é uma potência global a ser reconhecida - disse o analista político Mahmoud Alinejad, de Teerã.

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O conteúdo da carta não foi divulgado, mas em público o Irã demoniza os EUA, acusando-os de intimidar o programa nuclear da República Islâmica e de agir de forma imperialista no vizinho Iraque.

Especialistas dizem que os EUA não cogitam invadir o Irã, mas que poderiam bombardear as instalações nucleares do país. No mês passado, questionado sobre a possibilidade de um ataque nuclear "tático" contra o Irã, Bush disse que "todas as opções estão sobre a mesa".