O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, confirmou nesta quinta-feira (12) que apresentará ao congresso um projeto de emenda constitucional para permitir que as forças armadas do país tenham um papel maior no combate ao crime organizado, segundo o jornal paraguaio ABC Color.
O anúncio foi feito um dia após a fuga do narcotraficante Jorge Samudio, da organização criminosa Comando Vermelho. Samudio, conhecido como "Samura", estava sendo transferido de volta para a prisão em um veículo escoltado pela polícia após uma audiência em um tribunal em Assunção ter sido cancelada.
Segundo o jornal britânico The Guardian, testemunhas relataram que oito homens armados disfarçados de policiais anti-narcóticos abriram fogo contra o comboio, matando um policial e ferindo outros dois agentes e um civil. Em seguida, Samudio e os outros criminosos escaparam.
"Reafirmo a minha vontade de apresentar na semana que vem um projeto de emenda para utilizar toda a nossa capacidade. Vamos apresentar um projeto de emenda para dar às forças armadas uma nova missão e uma cobertura constitucional, porque nós consideramos que hoje, no mundo, as forças armadas já cumprem um papel diferente e são mais protagonistas no crime organizado", disse Benítez a jornalistas, em ato comemorativo pelo dia da Armada Nacional nesta quinta-feira.
O presidente paraguaio fez também uma homenagem ao comissário Félix Ferrari, morto durante a fuga do traficante Jorge Samudio, dizendo que o agente policial era mais uma vítima do crime organizado e do tráfico de drogas. Para Benítez, a decisão de assumir uma postura firme contra essas atividades criminosas trará muitos adversários.
Segundo a Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai, Samudio, que é cidadão paraguaio, foi responsável pelo envio de drogas no valor de até US$ 20 milhões (cerca de R$ 81 milhões) por mês para o Brasil a partir do Paraguai antes de ser preso.
"Não podemos esperar mais, temos uma capacidade ociosa e temos que usá-la para fortalecer nossa política de segurança. Hoje, há pouca probabilidade de termos guerras internacionais", disse Benítez ao defender o plano de usar as forças armadas para combater o crime organizado. Ele deve apresentar sua proposta ao congresso na semana que vem.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura