Aproximação
Em aceno ao Brasil, Humala defende hidrelétricas
Após a posse, o presidente do Peru, Ollanta Humala, fez um aceno ao Brasil: anunciou que promoverá a construção de hidrelétricas em parceria com "estatais regionais". Frisou, contudo que a demanda doméstica terá prioridade.
Brasil e Peru assinaram em 2010 acordo para a construção de ao menos seis grandes hidrelétricas na Amazônia peruana. Alguns dos projetos sofrem resistência de populações indígenas e comunidades locais. O texto ainda está pendente de ratificação pelo Congresso peruano.
Os empreendimentos hidrelétricos no Peru, se concretizados, serão a ponta de lança da internacionalização da estatal brasileira de energia, a Eletrobras, parceira nas usinas. A estatal aprovou mudança de estatuto que permite investimento no exterior.
"Promoveremos a construção de hidrelétricas, fortalecendo a Eletroperu e as empresas elétricas estatais regionais", disse Humala.
Questionamento
O novo presidente, que governará até 2016, enfatizou a demanda nacional porque integrantes de sua própria base questionam a necessidade da construção das hidrelétricas num país rico em gás.
O recém-eleito presidente do Congresso, Daniel Abugattás, aliado de Humala, afirmou recentemente: "Não vamos aceitar obras sem autorização social. Hidrelétricas na selva podem ser prioridade para o Brasil, não para o Peru".
Um dos projetos contemplados no acordo energético Brasil-Peru é a construção da hidrelétrica de Inambari, capitaneada por Eletrobras, Furnas e a empreiteira OAS.
O empreendimento tinha concessão temporária do Estado peruano, mas ela foi cancelada no bojo de conflitos contra uma mineradora que sacudiram a região da usina, Puno, no sul.
Folhapress
O presidente Ollanta Humala assumiu o governo do Peru pelos próximos cinco anos repetindo slogans e promessas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. Humala anunciou que governará "um país para todos", repetindo o lema de Lula que era "Brasil, um país de todos" e insistiu que sua prioridade é crescimento econômico com inclusão social, defendendo a necessidade de todo peruano ter direito a duas refeições diárias café da manhã e almoço. Lula falava em três refeições, incluindo o jantar. Apesar da completa semelhança, Humala falou no discurso que "não quer copiar modelos", mas reconheceu que "tomará exemplos que deram certo, construindo um caminho próprio".
Foram inúmeras as promessas de Ollanta Humala em seu primeiro discurso como presidente.
Depois de anunciar que será "um soldado da República, do Estado de direito e da liberdade de imprensa", anunciou, sob aplausos de um Congresso lotado, o aumento do salário mínimo, que passaria do valor correspondente de R$ 340 para R$ 436. No Brasil, hoje, é R$ 545.
Humala prometeu a construção de um hospital em cada cidade do país, a criação de um programa chamado Samo serviço de atenção móvel de urgências, uma espécie de Samu brasileiro; acesso aos medicamentos genéricos, e a redução do preço do GLP (gás de cozinha), sem produzir distorções ou permitir o contrabando, e uso de parte dos recursos dos lucros das mineradoras que operam no país para promover a inclusão social, por meio de negociação com os empresários, sem rompimento de contratos.
Avisou também que ampliará o programa Juntos, de transferência de renda, e que hoje atende 470 mil pessoas, expandindo para todos os moradores dos 800 distritos mais pobres do país. Atualmente, 34% da população peruana, mais de 10 milhões de pessoas, vivem na pobreza extrema.
Constituição
Humala assumiu a Presidência com um gesto que roubou a cena da cerimônia em Lima: ele desprezou a Constituição vigente, promulgada em 1993 sob o governo de Alberto Fujimori, após a dissolução do Congresso em um "autogolpe".
"Juro [...] que defenderei a soberania nacional, a ordem constitucional e a integridade física e moral da República e suas instituições democráticas, honrando o espírito, os princípios e valores da Constituição de 1979", disse Humala.
A Constituição de 1979 foi promulgada num cenário de transição democrática.
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