O presidente do Equador, Rafael Correa, se mostrou neste sábado (16) partidário de "leis mais severas para punir a mediocridade e a dupla moral da imprensa" e acha que o tema deve ser discutido na Assembléia Constituinte.

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Falando em seu programa semanal de rádio, o chefe de Estado equatoriano criticou assim a imprensa local por divulgar uma gravação ilegal envolvendo seu ministro da Economia, Ricardo Patiño.

A televisão equatoriana divulgou na segunda-feira passada uma segunda gravação mostrando o ministro Patiño recebendo informações antecipadas sobre a sessão parlamentar que aprovou o principal projeto do governo socialista.

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Criticado por um primeiro vídeo sobre a gestão da dívida externa, Patiño aparece na gravação conversando, em um hotel, com o líder do Congresso, Jorge Cevallos, e com outro deputado opositor sobre o plebiscito constituinte que foi aprovado nas urnas no dia 15 de abril.

Um dia antes do debate parlamentar de 13 de fevereiro, Cevallos deu a Patiño a agenda da sessão que foi submetida à consulta popular e advertiu que jamais mencionasse que a informação saiu de suas mãos. Patiño negou qualquer responsabilidade no vídeo ilegal e que este o envolva em irregularidades.

"Não tenho nada a ver com essa gravação. Foi feita absolutamente sem minha autorização", afirmou Patiño, que também é investigado pelo Congresso e pela Promotoria por um vídeo anterior sobre um caso de especulação com títulos da dívida externa pública (os bônus Global 2030).

"É preciso acabar com certos abusos", insistiu Correa, para quem a imprensa incorre num discurso de dupla moral ao questionar a atuação de Patiño e, ao mesmo tempo, "entrar nos servidores, pegar e-mails e violar a correspondência eletrônica".

"Sei que amanhã as manchetes vão ser, para aumentar o confronto, Correa volta a criticar a imprensa, mas é preciso fazer algo com uma imprensa tão medíocre (...) e que que obedece a interesses tão claros como a Teleamazonas, propriedade do banqueiro Fidel Egas", afirmou.

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Correa propôs nesta semana proibir, na próxima Constituição, o financiamento dos meios de comunicação por parte dos bancos. Correa preconizou a introdução de uma emenda constitucional para desfazer os vínculos que chamou de "incestuosos" entre a imprensa e o setor financeiro.

Várias redes de televisão que transmitem no Equador são financiadas por banqueiros, que também são proprietários de jornais, revistas e emissoras de rádio, segundo um estudo da Universidade Central (estatal) publicado em 2006. Patiño também denunciou uma campanha dos banqueiros para "expulsar do poder" o presidente equatoriano.

Correa já avisou que cancelará a licença do canal de televisão que conspirar contra o governo.