O presidente sírio, Bashar al-Assad, disse nesta segunda-feira que "sabotadores" estão por trás dos distúrbios contra seu regime e que uma acomodação política não poderia ser alcançada com homens armados.
No seu terceiro pronunciamento desde que as manifestações começaram, quatro meses atrás, Assad parecia tenso ao prometer levar adiante um diálogo nacional sobre reformas e aventar a possibilidade de ampliar uma anistia concedida recentemente.
Mas ele afirmou: "Nós temos de fazer distinções (entre manifestantes e outros com demandas legítimas e os sabotadores). Os sabotadores são um pequeno grupo que tentou explorar a respeitosa maioria do povo sírio para pôr em prática seus esquemas."
Nenhuma solução política é possível com pessoas portando armas, disse ele.
Enquanto as forças sírias estavam vasculhando a fronteira noroeste do país com a Turquia, bloqueando milhares de pessoas que fugiam da repressão militar, Assad pedia que os cerca de 10 mil sírios que já cruzaram a fronteira voltassem para casa.
"Há quem lhes dê a impressão de que o Estado vai se vingar deles. Afirmo que isso não é verdade. O Exército está lá para manter a segurança", disse ele em um discurso na Universidade de Damasco.
Um comitê de diálogo nacional se reunirá nos próximos dias, com mais de 100 personalidades convidadas, para discutir critérios e mecanismos para uma reforma constitucional, declarou o presidente. Assad definiu o prazo de um mês para a apresentação de recomendações.
A operação militar da Síria ao longo da fronteira com a Turquia teve início após os maiores protestos em quatro meses contra Assad, realizados na sexta-feira, que a violenta repressão militar não conseguiu conter.
Grupos de defesa dos direitos humanos disseram que as forças de segurança mataram 19 manifestantes na sexta-feira.
Além dos mais de 10 mil refugiados na Síria, outros 10 mil estão abrigados em território sírio perto da fronteira, nos olivais e ricas áreas agrícolas perto de Jisr al-Shughour, relataram autoridades turcas.
Mas o ativista sírio Ammar al-Qurabi afirmou à Reuters que o Exército está agora impedindo os sírios alojados perto da fronteira de deixarem o país e acusou as forças pró-governo de atacar quem dê ajuda aos refugiados.
A violência perto da fronteira é um desafio para a política turca de "zero problemas com os vizinhos" e a seu esforço para se mostrar como um país campeão da democracia na região.
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que seu país se comprometeu a manter a fronteira aberta a refugiados e qualificou a repressão do governo sírio como "selvageria".
No entanto, não está claro se a censura da Turquia à Síria fez com que Erdogan conseguisse alguma influência sobre Assad para deter a violência.
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