O presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse à emissora de TV britânica BBC estar pronto para negociar com Israel, mas questionou se o atual governo israelense tem a força necessária para caminhar para a paz e se os Estados Unidos têm disposição de ajudar neste processo.
Em entrevista transmitida na noite de segunda-feira, Assad também negou que a Síria tenha ajudado a armar os militantes do Hezbollah, que lutaram contra Israel durante uma guerra de 34 dias no Líbano em julho e agosto. Ele, no entanto, admitiu que ofereceu apoio político ao grupo.
Ao mesmo tempo, o líder sírio disse estar preparado para trabalhar com a comunidade internacional para evitar que novas armas cheguem ao movimento xiita.
Falando ao programa "BBC Newsnight", Assad disse estar pronto para perseguir negociações com Israel, mas alertou que os dois lados têm que se movimentar na mesma direção.
"É o momento, especialmente depois da guerra... mas não significa que você tem o ambiente para conseguir isso", disse ele à BBC.
O líder sírio disse que espera que o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, também expresse disposição de dialogar, mas alertou: "Não sabemos se esse governo é forte o bastante para se mover em direção à paz". Olmert sofreu uma queda de popularidade por causa de seu desempenho durante a guerra no Líbano.
"Por isso, a primeira questão é: Eles podem? Eles têm vontade? A outra questão é: a decisão sobre a paz no momento não está em Israel, está em Washington", continuou.
Assad acrescentou que os EUA, a Organização das Nações Unidas e a União Européia têm de desempenhar o papel de árbitros.
"Até agora os Estados Unidos não tiveram vontade de desempenhar este papel. Eles não têm a visão."
A Síria, considerada pelos EUA um Estado que patrocina o terrorismo, busca a retomada do controle sobre as Colinas de Golan, ocupadas por Israel desde 1967. Mas as negociações de paz entre os dois países fracassaram em 2000.
Assad também voltou a negar participação de seu governo no assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafil al-Hariri, em 2005, e insistiu que seu país tem feito tudo que pode para evitar que militantes cruzem a fronteira com o Iraque para realizar ataques.