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Polêmica

Presidente sírio teria "vendido" número do telefone de Kadafi à França

O presidente sírio Bashar al-Assad teria "vendido" o número do telefone via satélite de seu suposto aliado líbio Muamar Kadafi em troca de menos pressão internacional contra seu regime, informou um agente líbio ao Daily Telegraph no domingo (30). A informação foi essencial para que a Otan planejasse uma armadilha para o ex-ditador líbio e informasse milicianos rebeldes de sua localização, segundo Rami El Obeidi, ex-chefe de Inteligência Exterior dos rebeldes que tomaram o poder em Trípoli.

De acordo com o agente, Assad estava preocupado que as atenções da comunidade internacional se voltassem para os horrores que já aconteciam na Síria antes da queda do regime na Líbia. O governo de Damasco ofereceu, então, o número do telefone do ditador líbio, que fez com que agentes da inteligência francesa conseguissem rastreá-lo e monitorar seus movimentos.

"Em troca dessa informação, Assad conseguiu a promessa de mais tempo da França e menos pressão contra seu regime, o que ocorreu", diz Obeidi.

A versão oficial da Otan para a morte de Kadafi é que aeronaves britânicas teriam avistado e atacado um comboio que tentava fugir da cidade de Sirte, sem saber que o ex-ditador viajava em um dos veículos. A seguir, um grupo de milicianos chegou ao local e encontrou Kadafi escondido em um cano próximo aos carros atacados.

Segundo a versão de Obeidi, os agentes franceses foram responsáveis por orquestrar toda a operação, depois que o ditador ligou para dois aliados: Yusuf Shakir, um partidário fiel, e Ahmed Jibril, um líder palestino na Síria. O agente acrescentou que o governo francês não demonstrou grande preocupação sobre como Kadafi seria tratado depois de capturado, e apenas pediu que ele fosse entregue às autoridades com vida.

O diário Daily Telegraph lembra o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy teve um papel de grande importância na denúncia da repressão a manifestações na Síria e também nas ações da Otan na Líbia, durante a guerra civil no país norte-africano. No fim de semana, o primeiro-ministro líbio Mahmoud Jibril confirmou que um agente "estrangeiro" estava envolvido na operação que causou a morte de Kadafi, mas não divulgou mais detalhes.

O jornal italiano Corriere della Sera afirma ter consultado órgãos de inteligência ocidentais que confirmaram que o suposto "agente" seria "quase certamente francês". O diário também acrescenta o ex-presidente temia que Kadafi divulgasse que doou dinheiro para a campanha do conservador francês à Presidência em 2007.

"Sarkozy tinha todos os motivos para querer se livrar do ditador e o mais rápido possível", disse uma das fontes ao Corriere della Sera.

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