Montevidéo – O Uruguai, sócio menor do Mercosul, encontrou a fórmula para se diferenciar dos seus parceiros e acelerar seu próprio desenvolvimento: assumir o capitalismo em atos e discursos, apesar de, paradoxalmente, ter há 14 meses um presidente socialista, Tabaré Vázquez.

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Conhecido antigamente como "Suíça latino-americana", por seu alto grau de desenvolvimento social em um país pequeno, o Uruguai, nas últimas três décadas, cresceu a um ritmo de 1% ao ano. Atualmente, com 3,4 milhões de habitantes, seu índice de desemprego atinge 12,4%.

A Frente Ampla governa. É um conglomerado de 21 facções, como o Partido Socialista (que se diz marxista), de Vázquez; comunistas; tupamaros (antigos guerrilheiros); democratas-cristãos; Vertente Artiguista; Novo Espaço; e os radicais Corrente Esquerda e Movimento 26 de Março.

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Mas essas forças internas passaram a reclamar do pouco espaço destinado a rubricas sociais no Orçamento de 2006, do envio de tropas para o Haiti e da aproximação com os Estados Unidos.

Para justificar tal aproximação, Vázquez diz que ela já ocorre de fato, na medida em que os Estados Unidos são o principal destino das exportações uruguaias, suplantando o Brasil e a Argentina nos últimos seis anos.

De 1999 para 2005, os Estados Unidos passaram a importar de 6% a 22% dos produtos uruguaios. O Brasil, porém, baixou de 25% para 14%. A Argentina, de 16% para 7%.

Os uruguaios enfatizam a necessidade de exportar, especialmente carne, têxteis, laticínios e software. Com inflação crescente (4,9% em 2005 e 2,9% nos primeiros quatro meses de 2006; sendo 6% no acumulado dos últimos 12 meses), o déficit comercial (exportações menos exportações) é de US$ 500 milhões.

Em discurso realizado no Conselho das Américas (entidade empresarial norte-americana), Vázquez se diferenciou de outros países da região e definiu o Mercosul como um bloco que tem "dificuldades, limitações e bloqueios".

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No encontro que manteve nesta semana com o presidente norte-americano, George W. Bush, Vázquez voltou a criticar o que considera limitações do Mercosul.

Antes, o presidente uruguaio sinalizou que deixaria o bloco comercial. Depois, recuou. Mas insiste em dizer que o tratado, para os países menores (Uruguai e Paraguai), não serve como está.

Definição do Uruguai pelo seu presidente socialista: "Nunca, jamais, nem ainda nas piores circunstâncias, o Uruguai deixou de cumprir seus compromissos ou deixou de respeitar contratos. Não gostamos de dizer a palavra "estrangeiro’". Bem diferente de sua sócia no Mercosul – a Argentina –, que, recentemente, deixou de pagar dívidas e estatizou empresas.