Cartum - O presidente do Sudão, Omar Bashir, chegou ontem à Eritreia, uma das nações mais isoladas do mundo. É a primeira viagem internacional de Bashir desde que uma corte internacional divulgou um mandado de prisão, sob a acusação de crimes de guerra em Darfur.
O Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado na Holanda, expediu em 4 de março um mandado de prisão, para que o líder sudanês responda por crimes de guerra e contra a humanidade cometidos na região de Darfur. O governo de Bashir é acusado de estar por trás de uma milícia árabe, os Janjaweed, na repressão a uma revolta de africanos étnicos em Darfur.
A ONU afirma que cerca de 300 mil pessoas morreram e 2,7 milhões foram forçadas a deixar suas casas desde o início do conflito, em 2003. Sob as regras do TPI, os países-membros devem prender os indiciados assim que eles entrarem em seu território. A Eritreia não integra a corte e já se pronunciou contrária ao mandado contra Bashir.
A Liga Árabe realizará no fim de semana um encontro. O grupo de 22 membros afirmou publicamente que Bashir é bem-vindo ao evento, a ser realizado no Qatar. No domingo, porém, sábios islâmicos sudaneses emitiram um edito religioso pedindo ao presidente que não compareça. O edito, uma opinião religiosa sem força de lei, soma-se a uma série de recomendações para que Bashir não vá ao encontro. Os religiosos disseram temer que o mandado possa ser cumprido na viagem.