O presidente ucraniano, Viktor Yushchenko, surpreendeu nesta quarta-feira ao defender a formação de uma ampla coalizão entre os pró-ocidentais e os pró-russos para governar o país, após as eleições legislativas antecipadas de domingo, idéia rejeitada por Iulia Timochenko, mas que fez diminuir as tensões com Moscou sobre o gás.
"Eu peço ao Partido das Regiões (pró-russo), ao bloco de Iulia Tomochenko e à Nossa Ucrânia (pró-ocidentais), assim como aos outros vencedores a começarem negociações preliminares para a formação de uma maioria parlamentar e um governo", disse Iuchtchenko em declaração transmitida pela televisão.
"Eu só tenho um objetivo: que a Ucrânia saia unida destas eleições", acrescentou, quando a vitória do campo pró-ocidental nas legislativas já parece certa e com as pesquisas apontando para a criação de um governo pró-ocidental, com Iulia Timochenko na liderança.
Iulia, que já foi primeira-ministra, antes de ser destituída pela Revolução Laranja em 2004, rejeitou a proposta do presidente e prometeu se "manter na oposição" se o partido presidencial formar uma aliança com os pró-russos.
Por outro lado, o primeiro-ministro, Viktor Ianukovictch, número um do Partido das Regiões, "apoiou e parabenizou" a idéia de uma grande coalizão, acrescentando que iria começar ainda nesta quarta-feira "as negociações sobre a formação de uma aliança".
Neste contexto, o gigante russo Gazprom, que tinha ameaçado na terça-feira reduzir seu fornecimento de gás à Ucrânia se o país não quitasse a dívida de 1,3 bilhão de dólares, se mostrou muito mais flexível depois da declaração do presidente.
As declarações de Iuchtchenko foram dadas no momento em que é grande a espera do resultado das legislativas, previsto para quinta-feira. Estas eleições foram convocadas pelo chefe de Estado depois de meses de conflito com Ianukovitch.
De acordo com resultados quase definitivos, com a apuração de 99,84% das urnas, o bloco Timochenko e o partido presidencial Nossa Ucrânia-Autodefesa popular obtiveram, juntos, 44,91%.
O Partido das Regiões, do primeiro-ministro pró-russo, Viktor Ianoukovitch, conta com 34,33% dos votos. Com seus aliados comunistas, não deve passar de 39,71%, cifra insuficiente para reivindicar a maioria. Mesmo se conseguir se unir ao Bloco Litvin, de orientação ideológica confusa, deve chegar aos 43,67% dos votos, o que ainda o deixa atrás do campo laranja.