José Daniel Ferrer, opositor do regime comunista cubano e líder do União Patriótica de Cuba, considerada a maior plataforma de oposição ao regime castrista, iniciou na semana passada uma greve de fome na prisão, localizada na província de Santiago de Cuba, onde cumpre pena arbitrariamente desde 2021 por ter participado de protestos populares contra a ditadura que controla Havana.
Segundo informações, a greve foi a forma encontrada pelo ativista para denunciar as condições desumanas e os abusos que sofre na cadeia. Por meio de um áudio enviado à sua esposa, Nelva Ismaray Ortega Tamayo, veiculado pelo portal argentino Infobae, o opositor disse que prefere “morrer” do que se “render” à ditadura comunista.
“Estou sendo vítima de ataques crescentes durante toda a minha luta. Agradeço a todos pelo apoio e quero que saibam que vou continuar”, disse ele.
Ferrer detalhou o cenário da prisão onde está confinado. Segundo ele, divide uma cela inadequada com outros seis presos, em um espaço pequeno, insalubre e infestado por pragas. “A higiene é péssima, há uma infestação de moscas e, durante a noite, de percevejos. Eles não fazem nada para melhorar isso”, relatou.
Apesar do estado debilitado, Ferrer, que denunciou ter sido agredido na prisão dias atrás, se mantém firme na greve de fome, exigindo dignidade e melhores condições para todos os presos políticos. “Não me sinto bem, mas vou resistir e continuar até que essa situação seja resolvida”, afirmou.
A situação de Ferrer reflete um padrão de repressão denunciado por organizações internacionais e familiares de outros presos políticos em Cuba. Segundo o portal Cubanet, Andy García Lorenzo, opositor também detido por participar dos protestos de 2021, está há 13 dias em greve de fome na prisão. Sua mãe, Tayrí Lorenzo Prado, descreveu o estado alarmante do filho: “Está extremamente magro, com olhos fundos e sem forças para falar”.
Outro caso é o de Roberto Pérez Fonseca, que também iniciou uma greve de fome após sofrer abusos e gritar palavras de ordem contra o regime. Ele está incomunicável desde 28 de novembro na prisão.
Esses episódios fazem parte de uma repressão sistemática contra opositores, marcada por torturas, isolamento e falta de assistência médica. De acordo com a organização Prisoners Defenders, Cuba possui atualmente 1.117 presos políticos, que enfrentam condições sub-humanas nas prisões.
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