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Gabriel Medina Díaz, considerado preso político na Venezuela, morreu no domingo (29), aos 39 anos, após sofrer uma parada respiratória por "falta de atenção médica", denunciaram ativistas dos direitos humanos.
Medina Díaz estava "detido preventivamente, sem condenação, desde 24 de abril de 2020", afirmou Alfredo Romero, diretor presidente da ONG Foro Penal. "Estava havia mais de um mês em grave estado de saúde sem atenção médica. É o nono preso político que morre em custódia desde 2014", denunciou Romero.
Ele estava detido no anexo Nelson Mandela do presídio de La Pica, no estado venezuelano de Monagas, e foi transportado no sábado à emergência de um hospital local, "por pressão de seus companheiros de cela", onde faleceu por parada respiratória, relatou Gonzalo Himiob, vice-presidente da Foro Penal.
Medina Díaz foi preso em abril de 2020 com mais oito pessoas, acusadas por um suposto plano para sequestrar Diosdado Cabello, o número dois do chavismo e vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). Porém, ainda não foram apresentadas provas sobre o caso. Os nove são acusados de traição à pátria, associação criminosa, tráfico de armas e formação de grupos armados, e nenhum deles já recebeu alguma sentença.
Na época, o Departamento de Estado dos Estados Unidos havia oferecido recompensas de até US$ 15 milhões para quem entregasse às autoridades americanas o ditador Nicolas Maduro e seu colaboradores, incluindo Cabello, acusados de narcotráfico.
Comentaristas na imprensa local acreditam que os acusados serão considerados culpados pelo tribunal, independentemente da atuação da defesa, quando foram a julgamento a partir de setembro, devido à influência de Diosdado Cabello nos tribunais venezuelanos. Além disso, há acusações de irregularidades nos procedimentos legais do caso.
Segundo a imprensa local, o atestado de óbito de Medina Díaz indica que o preso político faleceu de tuberculose.
A deputada Olivia Lozano, da Assembleia Nacional da Venezuela, comentou o caso e repudiou o tratamento dado pela ditadura de Nicolás Maduro aos presos políticos no país.
"Quantos mais presos políticos devem morrer sob o jugo de um regime criminoso, que violando todos os direitos humanos e negando o devido processo, encarcera a quem pensa de maneira diferente?", questionou Lozano pelo Twitter. "Exijo liberdade para todos os presos políticos".
Presos políticos na Venezuela
Na Venezuela, existem hoje 265 pessoas detidas que são consideradas "presos políticos", relatou a ONG Foro Penal em seu último relatório, divulgado na semana passada. Entre os presos, 250 são homens e 15, mulheres. A organização diz ainda que há 137 civis e 134 militares entre os detidos, que incluem também um adolescente.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, disse pelo Twitter que certifica a lista de presos políticos publicada pela Foro Penal.