Desde 1993 a direita ultranacionalista hindu luta para que a Índia se torne um Estado de religião hindu obrigatória. "Na época, já foi criado um grito de guerra entre os hindus, nas escolas, onde os estudantes gritavam: primeiro (matar) os muçulmanos, depois os cristãos", diz o professor de teologia formado em Roma, Celso Nogueira. "A minoria cristã é pequeníssima, mas assusta porque liberta e desatrela pessoas do sistema de castas", explica. O país tem cerca de 80,5% de hindus, ante 2,3% de cristãos.
Na região de Orissa a situação fica ainda mais sensível porque ali impera o sistema de castas, pelo qual os "intocáveis", que estão abaixo da última das quatro castas, não têm direitos e fazem os serviços menos valorizados.
Convertidos ao cristianismo, eles entendem que possuem a mesma dignidade que os demais e exigem a equiparação social, o que cria tensão. O problema é ampliado pela disputa tribal existente na região. Muitos panas (tribo menos privilegiada) aceitaram a nova pregação, enquanto os kandhas, que se gabam de sua tradição antiga, não. Com isso, o líder hindu extremista Swami Laxmanananda Saraswati iniciou, em 1966, uma campanha por reconversões ao hinduísmo.
As castas foram abolidas em 1947 pela Constituição e a Índia se tornou a maior democracia do mundo. "O problema é que elas perduram na cultura rural", explica o padre Márcio Fernandes, professor de teologia do Studium Theologicum. (HC)
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