Com duas vacinas nacionais ainda em fase de testes e pressionada pelo aumento de casos de Covid-19, a ditadura castrista de Cuba aumentou nesta semana as restrições de circulação de pessoas e de vigilância.
Uma das medidas mais controversas é a "sinalização" de residências e instituições onde pessoas estão em isolamento, o que pode gerar discriminação na sociedade. Também foram anunciados mais patrulhamentos nos bairros e no interior e mais atuação de “ativistas da comunidade” que denunciem “indisciplinas” em suas vizinhanças.
Segundo levantamento da Reuters, com base em dados do regime, Cuba vem registrando mais de mil casos de Covid-19 por dia desde o começo de abril, o pior nível desde o começo da pandemia. A situação é mais grave nos principais centros urbanos da ilha: Havana e Santiago de Cuba.
O regime classifica esse aumento de casos como “alarmante” e acredita que novas variantes do coronavírus possam justificar o maior contágio. Pelo menos quatro foram identificados no país, das quais as mais preocupantes são a sul-africana e a californiana, que em breve podem ser as cepas dominantes por serem mais contagiosas.
“Algumas dessas variantes se espalharam de maneira mais fácil e rápida que as outras, o que pode justificar a ocorrência de mais casos de Sars-CoV-2. Este pode ser um fator que justifica o aumento do número de casos no país no último mês”, disse Guadalupe Guzmán, chefe do Centro de Pesquisa, Diagnóstico e Referência do Instituto de Medicina Tropical "Pedro Kourí" de Cuba.
Apesar do alerta, os números da pandemia em Cuba são baixos. Segundo dados oficiais, a ilha registrou até quarta-feira 82.601 casos de Covid-19 e 442 mortes em decorrência da doença.
O ministro da Saúde de Cuba, José Ángel Portal Miranda, atribuiu o agravamento da situação epidemiológica a "deficiências no cumprimento dos protocolos, demora na admissão imediata de casos confirmados e suspeitos e não admissão de 100% dos contatos em centros de isolamento". Ele disse também que, no caso de Havana, "devido às altas taxas de incidência, não foram alcançadas as capacidades necessárias para isolar os contatos e o isolamento efetivo da comunidade nem sempre é garantido”.
Mas o mea culpa das autoridades cubanas não inclui as limitações do sistema de saúde da ilha. Relatos em redes sociais e jornais opositores e independentes indicam que os hospitais estão pressionados pela falta de medicamentos e insumos. O site de notícias 14yMedio informou no fim de semana que as denúncias sobre falta de medicamentos para tratar outras doenças estão aumentando. Essa escassez, reflexo da crise econômica que a ilha já vinha enfrentando antes da pandemia, foi admitida no ano passado por membros do Ministério da Saúde, que disseram que Cuba conta apenas com “um quadro básico de remédios” devido a “tensões financeiras”.
Uma médica que trabalha e um hospital da capital cubana, que preferiu não revelar seu nome, disse à publicação que muitas vezes não tem como tratar os pacientes. “Os pacientes chegam com dores, feridas ou infecções, mas o que eu tenho para todos é igual: digo-lhes para se acalmarem, beberem muita água e irem para casa descansar”, contou. “Tudo o que temos é destinado neste momento aos pacientes com Covid-19, quem chega com outra condição pouco pode ser feito… Todas as noites que estou de plantão, aqui parece um campo de batalha porque chegam pacientes com problemas muito sérios e têm que ficar horas nos corredores e sem remédios”.
O regime castrista também não mencionou como motivo do aumento de casos as grandes filas que se formam em frente aos mercados e comércios todos os dias, devido à falta de alimentos e itens básicos, mas informou que pretende “reforçar as medidas organizacionais nas redes de lojas com o objetivo de evitar aglomerações de pessoas para comprar produtos”, segundo o site CubaDebate.
Mais vigilância
Medidas restritivas de circulação e funcionamento do comércio já estão em vigor há algum tempo, como o fechamento de bares, praias, escolas e toque de recolher a partir das 21h. Agora, as autoridades cubanas devem aumentar a vigilância nas ruas para evitar aglomerações, além de promover campanhas para persuadir a população a levar os riscos da doença mais a sério.
Entre as medidas a serem tomadas pelo Ministério do Interior estão: garantir o cumprimento do fechamento das fronteiras entre as regiões do país que foram colocadas em quarentena; manter o patrulhamento em avenidas principais e intensificá-la nos bairros e no interior para garantir o cumprimento das medidas de isolamento, e aplicar “com rigor” multas para os pais que deixem seus filhos sair na rua, para os que não usem máscaras e que não cumpram distanciamento social.
A circulação de pessoas em regiões de maior risco de contaminação será ainda mais limitada. Algumas ruas foram bloqueadas. Neste contexto, as autoridades vão “estabelecer a sinalização para residências e instituições onde existam pessoas isoladas”, além de aumentar a capacidade de isolar pessoas que tiveram contato com pacientes com Covid-19 e ampliar a ação de “ativistas comunitários para manter a vigilância no combate à indisciplina que é gerada nas ruas e bairros”.
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