Entre os assuntos a serem tratados por Barack Obama e Dilma Rousseff, há pelo menos um que deve ser evitado pela chancelaria norte-americana: a inclusão do Brasil como membro definitivo do Conselho de Segurança (CS) das Organizações das Nações Unidas (ONU).
O Brasil postula uma cadeira no CS há alguns anos e busca o apoio dos EUA para fortalecer sua candidatura. Mas, segundo especialistas, a ideia parece longe de se tornar realidade. "Apesar da vontade brasileira, é possível que o assunto não faça parte da agenda a ser tratada pelos dois governos. Para os EUA, o Brasil talvez não esteja à altura do CS", avalia David Fleischer, professor da Universidade de Brasília.
"Como indicam alguns estudos realizados nos EUA, inclusive pelo conselho de Relações Internacionais norte-americano, o Brasil ainda não é visto como um país no mesmo nível de outros emergentes como a Índia", diz Tullo Vigevani, da Unesp.
Documentos vazados em fevereiro deste ano pelo site WikiLeaks confirma o pensamento norte-americano neste sentido. Segundo o site, os Estados Unidos não consideram o Brasil um país maduro o suficiente para ser um ator global e fazer parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Armas nucleares
A versão, no entanto, é contestada por Vigevani. O professor da Unesp acredita que há outras razões, bem menos diplomáticas, para o desinteresse norte-americano em apoiar a candidatura do Brasil. "Para ser tratado num nível similar ao espaço que o país vem atingindo no sistema internacional, o Brasil teria que ter, por exemplo, a bomba atômica. Esta é um questão grave, pois a Constituição brasileira proíbe o desenvolvimento de armas nucleares", diz.
A afirmação de Vigevani faz alusão ao apoio que os Estados Unidos vem oferecendo à candidatura da Índia, um outro país de economia emergente e também em desenvolvimento. Coincidência ou não, tanto a Índia que pleiteia uma vaga no CS quanto a China um dos membros fixos do Conselho são países de economia emergente e que possuem armas nucleares.
"Portanto eu acredito que esta viagem não enfrentará a fundo esses problemas. Ainda que possam ser abordados, será longe de configurar um debate substancial sobre a questão", conclui Vigevani.
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