Porto Príncipe (EFE/AFP) O candidato presidencial haitiano René Préval denunciou ontem "uma fraude maciça" nas eleições realizadas há uma semana. "Temos a convicção de que uma fraude maciça e erros importantes caracterizaram este processo eleitoral", disse Préval nas primeiras declarações feitas após as eleições, em que de acordo com os últimos dados da apuração, ficou em primeiro lugar, mas não teve maioria absoluta. O candidato pediu a seus partidários que "sigam se manifestando nas ruas, mas com respeito à propriedade privada e evitando a violência".
O candidato não chegou a explicar os motivos das alegações de fraude eleitoral. Milhares de simpatizantes de Préval voltaram às ruas ontem para se manifestar na capital haitiana, instalando barricadas e queimando pneus. Pouco a pouco, foram dispersados de forma pacífica pelas tropas da Missão da ONU no Haiti. Assim como na segunda-feira, quando foram registrados atos de violência, os manifestantes exigiam que os resultados finais das eleições fossem anunciados, e que Préval fosse proclamado novo presidente do país.
A apuração dos votos segue no índice de 90,02%, com 48,76% para Préval, que com pouco menos de um ponto porcentual e meio evitaria o segundo turno. O ex-presidente tem mais votos que todos os demais candidatos juntos, e apenas o elevado número de votos nulos (7,49%) lhe nega uma contundente vitória.
O candidato presidencial Leslie Manigat, que aparece em segundo lugar, pediu o respeito às "regras do jogo" e a realização de um segundo turno caso nenhum dos candidatos supere os 50% dos votos, declarou. "Houve uma sondagem para ver se eu estava disposto a me retirar. Respondi que não", declarou Manigat.
Cuba denunciou ontem que os EUA "manipulam descaradamente" as eleições haitianas para evitar a vitória de Préval e pediu que se impeça que Washington assuma "as rédeas de todo o planeta", em um editorial publicado ontem no jornal Granma.