Hillary Clinton engrenou e agora avança de vento em popa. Sua indicação como a candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos já não parece estar ameaçada por Bernie Sanders, o que se deve, em grande parte, ao apoio dos afro-americanos.
Nas prévias democratas, Hillary obteve um bom número de vitórias sobre o senador por Vermont em estados que contam com uma grande comunidade afro-americana e é considerada favorita nas primárias desta terça, 8 de março, no Mississippi e em Michigan.
Segundo análise do site independente The Cook Political Report, os votos dos negros foram decisivos em sete estados para que Barack Obama derrotasse o republicano Mitt Romney na disputa por sua reeleição, em 2012.
Nas atuais prévias democratas, o fato é que a grande maioria dos eleitores negros preferiu a ex-secretária de Estado Hillary Clinton ao senador Sanders.
Vários antecedentes
A ex-senadora tem um histórico mais sólido de luta contra o racismo sistêmico e contra os privilégios dos brancos, assim como de luta de igualdade de oportunidades para os negros.
Enquanto Sanders fez carreira política no estado de Vermont, no norte do país, onde apenas 1% da população é afro-americana, Hillary Clinton foi primeira-dama no Arkansas por 12 anos. Ela trabalhou para melhorar a saúde e a educação neste estado do sul e assessorava pessoas marginalizadas em assuntos legais.
Durante sua graduação em Direito na Universidade de Yale, Hillary acompanhou menores presos em presídios comuns na Carolina do Sul e foi ao Alabama investigar a segregação escolar.
Depois de mais de uma geração na cena pública nacional, ela ficou conhecida por essas experiências - em particular entre a população negra. O casamento com o ex-presidente Bill Clinton foi fundamental para lhe dar essa visibilidade inicial.
Mais de uma geração de afro-americanos considera que o casal Clinton atuou contra os preconceitos raciais e obteve melhorias econômicas nos anos 1990, quando o desemprego entre os cidadãos negros diminuiu, e sua renda aumentou.
Raça importa
Em sua campanha, Hillary menciona com frequência o crescimento econômico obtido por seu marido na Casa Branca como um caminho que ela trilhará.
Bill Clinton conseguiu apoio entre os afro-americanos por apoiar a discriminação positiva, por designar um número recorde de funcionários negros para o gabinete presidencial e, entre outros pontos, por ser um amigo próximo do empresário Vernon Jordan, figura importante do movimento pelos direitos civis.
No entanto, a reforma da Previdência e a legislação penal do governo Bill Clinton foram criticados por aumentarem a pobreza e por provocarem níveis de detenção recordes. De forma desproporcional, a parcela mais afetada na sociedade foi a negra.
Embora Bernie Sanders tenha buscado destacar sua participação no movimento pelos direitos civis dos anos 1960 - e pela qual chegou a ser preso -, seu discurso político se concentra, sobretudo, na desigualdade econômica.
“Esse é o problema que os negros têm, tipicamente, com os progressistas brancos, que analisam tudo pela perspectiva de classe e se esquecem de que a raça continua tendo um peso, e foi esse tipo de abordagem que frustrou alguns negros”, analisou a professora associada de Ciência Política Andra Gillespie, da Emory College de Atlanta, no estado da Geórgia.
Os afro-americanos que não sabiam se votavam em Hillary ou em Obama nas primárias de 2008 - e acabaram optando pelo segundo - agora podem acabar com esta dúvida. A ex-secretária facilita esta tarefa, inclusive, ao se apresentar como a herdeira política de Barack Obama.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Deixe sua opinião