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Militares do Grupo Wagner bloqueiam uma rua com um tanque no centro da cidade de Rostov-on-Don, que fica ao sul da Rússia, no sábado (24).
Militares do Grupo Wagner bloqueiam uma rua com um tanque no centro da cidade de Rostov-on-Don, que fica ao sul da Rússia, no sábado (24).| Foto: EFE/EPA/STRINGER

O chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, interrompeu sua marcha a Moscou no sábado (24) depois de perceber que havia ido "longe demais" e após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ter se recusado a falar com ele, de acordo com uma reconstrução dos eventos publicada pelo portal russo independente Meduza.

Ao meio-dia de sábado, Prigozhin tentou entrar em contato com o Kremlin e até "tentou ligar para Putin, mas o presidente não quis falar com ele", segundo fontes anônimas próximas ao governo russo citadas pelo portal de notícias que tem sua sede em Riga, capital da Letônia.

O líder do grupo mercenário percebeu que "tinha ido longe demais" e que as perspectivas de que sua coluna - que já se aproximava da primeira linha de defesa das forças regulares russas e da Guarda Nacional - pudesse continuar avançando eram mínimas.

Quando o Kremlin percebeu que Prigozhin estava ciente da delicadeza de sua situação, ocorreu uma segunda rodada de negociações para evitar um "confronto sangrento". As negociações ocorreram após alguns primeiros contatos tentados na noite de sexta-feira (23), logo depois do chefe do Wagner anunciar sua insurreição.

Segundo informações do Meduza, o ditador de Belarus, Aleksandr Lukashenko, o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, e o chefe de gabinete de Putin, Anton Vaino, participaram das negociações no sábado.

"Prigozhin precisava de um terceiro confiável para ter uma saída e salvar a pele", disse a fonte do "Meduza", observando que Lukashenko se ofereceu para se beneficiar do papel de ser aquele que "salva a Rússia de um derramamento de sangue ou pior ainda, de uma potencial guerra civil".

O destino do chefe do Wagner - cujo paradeiro atual é desconhecido - ainda é incerto, mas segundo fontes do Meduza ele foi "expulso" da Rússia e Putin "não perdoará" a insurreição declarada na noite da última sexta-feira.

Segundo o portal independente russo, existe a possibilidade de que após o ocorrido haja mudanças na chefia do Ministério da Defesa russo. O chefe da defesa russa, Serguei Choigu era o alvo principal das críticas de Prigozhin.

No entanto, caso se confirmem, segundo as fontes, será devido mais "a problemas internos do Ministério" do que resultado de um possível acordo com o líder da companhia mercenária, já que "Putin quase nunca cede à pressão".

Prigozhin anunciou uma insurreição contra o comando militar russo na noite de sexta-feira, depois que uma das bases do Wagner no leste da Ucrânia foi supostamente bombardeada por Moscou, algo que o Kremlin negou.

A coluna de forças mercenárias tomou a cidade de Rostov do Don e avançou em direção à capital russa durante todo o sábado, mas, quando estava a cerca de 200 quilômetros de Moscou, Prigozhin anunciou a retirada para "evitar um derramamento de sangue"

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