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Campanha de Bernie Sanders em NY: vitória pode acirrar disputa entre ele e Hillary Clinton | Spencer Platt/AFP
Campanha de Bernie Sanders em NY: vitória pode acirrar disputa entre ele e Hillary Clinton| Foto: Spencer Platt/AFP

Capital econômica dos Estados Unidos (e do mundo), Nova York viverá nesta terça-feira (19) um protagonismo político ao qual não está acostumada. As primárias dos partidos no estado terão peso maior que o normal, pois em outros anos os candidatos estavam praticamente definidos nesta fase da corrida. A tensão aumentará dos dois lados até as 21 horas (22 horas no Brasil) de hoje, quando a votação está prevista para acabar.

Para Donald Trump será a chance de, pela primeira vez, ter mais da metade dos votos numa prévia e voltar a mostrar força entre os republicanos. Mas entre os democratas, a disputa será fundamental: uma vitória de Hillary Clinton pode dar a ela o argumento para reivindicar sua nomeação, enquanto um triunfo de Bernie Sanders tende a tirar o favoritismo da ex-secretária de Estado.

A nova importância do estado na escolha dos candidatos fez subir as acusações entre os políticos, que lhe dedicaram as últimas semanas. Nova York definirá 95 delegados republicanos, ou 7,7% do total necessário para garantir a nomeação pelo partido. Entre os democratas seu peso é ainda maior: 247 delegados, ou 10,4% do total de delegados necessários para garantir a nomeação na cédulas da eleição de novembro.

As pesquisas republicanas apontam ampla vantagem de Trump, que nasceu no estado: 53,1%, contra 22,8% do governador John Kasich e 18,1% do senador Ted Cruz — que no passado criticou o magnata por defender “valores nova-iorquinos” — segundo a compilação de pesquisas do site RealClearPolitics.

No lado democrata, a média das pesquisas dá 53,6% para Hillary, que já foi senadora por Nova York, contra 41,6% para Sanders, que nasceu na cidade. Mas há muitas incertezas: ao mesmo tempo que uma pesquisa dá 15 pontos de vantagem para a ex-primeira dama, outras a colocam apenas seis pontos de vantagem sobre o senador por Vermont.

Clima de tensão em ambos os partidos

Sanders disse nesta segunda (18) que tem chances de vencer no estado “se a participação dos eleitores for elevada”, lamentando a impossibilidade de os independentes votarem nas primárias. “Entre os independentes tenho dois votos contra um de Hillary”, afirmou. A ex-secretária de Estado, por sua vez, tenta conquistar o apoio que obteve anteriormente e passou a criticar seu oponente, tachando suas propostas de “frases de efeito”. O porta-voz de sua campanha disse que ela terá uma vitória “um pouco mais justa”, porém definitiva.

Hillary aproveitou seus últimos dias no estado para fazer campanha entre as mulheres. Sanders, por sua vez, fechou sua atuação com grandes comícios, no Brooklyn, onde nasceu, e no Queens.

A batalha de Nova York pode ter impacto em toda a corrida eleitoral até a convenção democrata de julho. Uma pesquisa da NBC e do Wall Street Journal apontou os dois candidatos empatados nacionalmente: 50% apoiando Hillary, contra 48% com Sanders. Para conter essa sangria, a campanha de Hillary está colocando, segundo o “Washington Post”, US$ 35 milhões (R$ 122 milhões) em propaganda visando a jovens, hispânicos, afro-americanos e mulheres, grupos fundamentais entre os eleitores democratas.

No total, Hillary tem 1.790 delegados dos 2.383 necessários para a nomeação, contra 1.113 de Sanders. Mas, descontando os superdelegados — os políticos que votam diretamente na convenção — a vantagem de Hillary cai para 213 delegados.

No lado republicano, a tensão entre os candidatos continua presente. Donald Trump afirmou que “espera não haver violência”, se ele não for nomeado pelo partido na convenção de novembro. A cúpula da legenda não esconde que não gosta de seu nome e sonha com um cenário no qual ele chegue ao encontro de julho, em Cleveland, sem os 1.237 delegados necessários para obter a nomeação automática, o que permitira uma votação aberta para qualquer outro candidato. Hoje Trump conta com 750 delegados, cerca de 200 a mais que Ted Cruz.

“Você vai ter um grupo muito, muito chateado e com raiva das pessoas”, disse Trump, referindo-se a uma reviravolta numa convenção contestada que negue a ele a nomeação, mesmo que chegue líder no evento. “Este sistema é totalmente desonesto”.

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