As eleições primárias para apontar os candidatos nas eleições legislativas de novembro na Argentina foram realizadas neste domingo, em um primeiro teste nas urnas do presidente do país, Alberto Fernández, que enfrenta a crise da pandemia da covid-19 e econômica.
O dia do pleito transcorreu de maneira tranquila, apesar de reclamações pelos atrasos para a confirmação do voto por alguns eleitores, devido, justamente, os protocolos estabelecidos para evitar a propagação do novo coronavírus.
Os centros de votação fecharam às 18h (local e de Brasília), mas todos que chegaram um pouco antes do encerramento puderam aguardar nas filas para participar do pleito.
O governo, que é responsável pela apuração provisória, divulgou que a divulgação dos primeiros resultados poderia acontecer por volta de 23h, devido a complexidade da votação. A oposição, por sua vez, cobrou agilidade no processo.
Cerca de 34,3 milhões de argentinos estavam aptos a ir às urnas para ajudar a definir as listas de candidatos que ficarão habilitados para concorrer na eleição de 14 de novembro, quando serão renovadas 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados, e 24 das 72 do Senado.
Primeiro teste de Fernandéz
"É um dia lindo, porque a cada vez que se vota na Argentina, tornamos um pouco mais forte a democracia, e para mim, isso é muito importante", disse Fernández, logo após votar em uma universidade localizada em Buenos Aires.
O presidente, que se elegeu em dezembro de 2019, ao superar o conservador Mauricio Macri, chegou ao primeiro teste da gestão, enquanto lida com uma pandemia que já matou 113.402 na Argentina e com uma recessão no país iniciada ainda em 2018.
Eleito com 48,2% dos votos quase dois anos atrás, Fernández conseguiu 61% da aprovação em março de 2020, mas viu o índice cair para 37% no mês passado, enquanto a reprovação chegou a 60%, de acordo com pesquisa da empresa D'Alessio Irol y Berensztein.
A campanha para as primárias de hoje, inclusive, chegou a ter um escândalo, com a divulgação de fotos da festa de aniversário da primeira-dama, Fabiola Yañez, na residência oficial da presidência, tiradas em julho do ano passado, quando reuniões sociais estavam proibidas pelo próprio governo nacional.
Assim como em 2019, a houve polarização na disputa eleitoral pela Frente de Todos, coalizão que levou Fernández ao poder, e a aliança oposicionista Juntos por el Cambio, da qual Macri faz parte.
Analistas políticos, no entanto, lamentaram a pobreza no debate sobre temas centrais na Argentina, como alta inflação, pobreza crescente, desemprego, desequilíbrios macroeconômicos persistente, forte endividamento.
O principal objetivo dos governistas na eleição de novembro será manter a maioria no Senado e consolidar o bloco na Câmara dos Deputados.
A Juntos por el Cambio, por sua vez, buscou eliminar disputas internas entre as principais forças dentro da frente, que inclui a Propuesta Republicana, liderada por Macri, em vários distritos chave da Argentina.
"Este domingo é muito importante, porque começa a ser definido em que tipo de país e em que modelo de sociedade vamos viver", garantiu o antecessor de Fernández, ao depositar o voto em uma escola localizada em Buenos Aires.
Voto a voto
Nestas primárias, analistas políticos indicaram que dois fatores poderão influenciar no resultado: um nível de participação menor do que em eleições passadas e o alto índice de indecisos que foram detectados nas pesquisas realizadas nas últimas semanas.
Além disso, há busca pela conquista do eleitorado jovem e o surgimento de candidatos fora do tradicional bipartidarismo no país, cujo expoente é o economista Javier Milei.
Buenos Aires tem o maior peso neste pleito, por reunir o maior número de eleitores (37% do total do país), seguida por Córboda (8,59%) e Santa Fe (8,06%).
De acordo com as previsões, a proclamação dos resultados oficiais das eleições de hoje deverá acontecer nesta terça-feira pela Justiça Eleitoral argentina.
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