A visita surpresa de Cécilia Sarkozy à Líbia, onde ela se encontrou com as enfermeiras búlgaras condenadas à morte, marca de maneira espetacular e inesperada o novo papel público desempenhado pela "primeira-dama" da França.
Um dia após a turnê de Sarkozy nos países do Magreb, foi a vez de a esposa causar sensação participando de um caso diplomático complexo que está mobilizando as chancelarias ocidentais.
"Podemos nos mostrar moderadamente otimistas sobre uma saída positiva para as enfermeiras e o médico búlgaros condenados na Líbia", afirmou na manhã desta sexta-feira Claude Guéant, secretário-geral do Palácio do Elysée, ao lado de Cécilia Sarkozy.
A mulher do presidente francês, a quem a Constituição não atribui nenhum papel oficial, visitou quinta-feira em Tripoli as enfermeiras condenadas e, depois, as famílias das crianças contaminadas pelo vírus da Aids em Benghazi (1.000 km a leste de Tripoli). A senhora Sarkozy também encontrou o número um líbio, o coronel Mouammar Kadhafi.
Esta viagem acontece um dia depois da confirmação da pena de morte contra os enfermeiros, que clamam sua inocência. Mas o veredicto pode ser anulado ou confirmado pela Líbia, com um acordo que acaba de ser fechado sobre as compensações financeiras com as famílias das crianças contaminadas.
A imprensa francesa se pergunta nesta sexta-feira sobre o significado do acontecimento quanto ao futuro papel de Cécília. O jornal popular Le Parisien falou inclusive na idéia de ela conceder uma entrevista na televisão por ocasião da Festa Nacional , dia 14 de julho.
Para "Le Figaro", a crise das enfermeiras búlgaras é para Cécilia Sarkozy "a ocasião de demonstrar o papel que ela pretende desempenhar no cenário político internacional".
Cécilia Sarkozy, uma ex-modelo de 49 anos, vinha se mantendo discreta desde a eleição do marido, em maio, sendo citada na imprensa pela elegância de suas roupas na última reunião de cúpula do G8 na Alemanha.
Ele também foi alvo de um princípio de polêmica ao utilizar um cartão bancário da presidência, que teve de devolver, para pagar dois convites para jantar.
Mãe de três filhos, conhecida por sua independência, ela havia dito antes da eleição de Sarkosy que não se via como "primeira-dama".
"O papel de Cecilia no Palácio do Elysée? "Falamos muito nisso, ela olha, pensa", narrou no mês passado o presidente francês, garantindo que este papel seria determinado mais tarde. "Ela quer ter tempo, proteger sua família", acrescentou.
Como todas as esposas de presidente, Cecilia Sarkozy tem um escritório no Palácio do Elysée, além de uma equipe de conselheiros a seu dispor.
Segundo pesquisas, os franceses querem que ela desempenhe uma função humanitária, mas não política. Dois franceses em três (62%) esperam que a prioridade de Cécilia Sarkozy sejam as ações humanitárias ou de caridade", de acordo com pesquisa IFOP encomendada pela revista Elle.
Apenas 15% esperam que ela "aconselhe politicamente seu marido".
