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O Kuwait vive nesta quinta-feira um dia histórico com a realização das primeiras eleições parlamentares que permitem às mulheres votar e serem votadas. Os kuwaitianos começaram a votar às 8h (2h de Brasília) para escolher os 50 membros do Parlamento, no primeiro pleito com 28 candidatas mulheres. Os colégios eleitorais fecharão às 20h (14h de Brasília) e os resultados começarão a ser divulgados na sexta-feira de manhã.

O fato de a votação ter coincidido com o fim de semana no Kuwait, quinta e sexta-feira, beneficiou as famílias, que foram aos centros eleitorais com seus filhos. O menino Mohamad Saud disse que esta era a primeira vez que tanto seu pai como sua mãe participavam de eleições e que não queria perder esta oportunidade.

Hazya Abdulaziz, citada pela agência local "Kuna", é favorável à votação e candidatura feminina.

- Esta é a primeira vez que nós, mulheres, participamos de uma votação e, apesar de não haver mulheres candidatas em meu distrito eleitoral, queremos demonstrar que merecemos este direito político.

O ministro do Interior kuwaitiano, xeque Jaber al-Mubarak al-Hamad Al-Sabah, disse em entrevista coletiva que está contente com o número de eleitores, que "superou as expectativas".

Apesar de as mulheres kuwaitianas serem 57,5% dos eleitores, os analistas e observadores afirmaram que não esperam que elas conquistem nenhuma cadeira, devido, entre outros fatores, ao fato de a sociedade kuwatiana ainda ser muito conservadora para aceitar a idéia de que mulheres participem da política.

Entre as candidatas mais proeminentes destacam-se Fátima al-Abdallah e Rula Dashti, ambas ativistas dos direitos da mulher, e Nabila al Anjari, uma ex-funcionária do Ministério da Informação.

Em declarações à imprensa, Dashti comentou que durante a campanha eleitoral as candidatas foram a supermercados e outros lugares freqüentados por mulheres para falar com elas.

- Fomos a quase todas as partes para nos reunir com mulheres e falar com elas, em vez de esperar que elas viessem a nossos centros - disse Dashti. - Nossa participação é crucial no caminho democrático do Kuwait. As mulheres acrescentaram muito à cena política - disse.

A imprensa kuwatiana destacou que a participação das mulheres nas reuniões eleitorais foi "impressionante" e que todos os candidatos, inclusive os que se opõem ao sufrágio da mulher, organizaram reuniões especiais para tentar conseguir seus votos.

Da população do Kuwait, de um milhão de pessoas, só 340.248 têm direito a voto.

As eleições desta quinta-feira são as segundas com participação das mulheres, depois das eleições municipais de abril, na qual elas não conquistaram nenhum posto no Conselho Municipal.

As votações ocorrem em 94 centros eleitorais, sendo que a metade destes é reservado aos homens e a outra metade às mulheres, segundo determina a lei de segregação de sexos no Kuwait. O Ministério da Justiça nomeou 700 juízes para supervisionar as eleições.

Nos colégios reservados às mulheres, além dos juízes, várias funcionárias estão encarregadas de identificar as eleitoras muçulmanas que usam o "niqab", véu que cobre todo o rosto, com exceção dos olhos.

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