Binyam Mohamed, um etíope com permissão de residência na Grã-Bretanha, voltou na segunda-feira (23) para Londres após passar quase sete anos sob custódia do Exército norte-americano. Mohamed, que passou os últimos quatro anos detido na prisão de Guantánamo, acusou Washington de torturá-lo e disse que o governo britânico colaborou com os Estados Unidos durante o tempo em que ficou preso.
Mohamed retornou à Grã-Bretanha em um voo fretado após o governo dos EUA ter concordado, na semana passada, com um pedido de Londres para libertá-lo. O ex-detento foi solto e todas as acusações contra ele foram retiradas após negociações entre os dois governos. Ele é o primeiro prisioneiro de Guantánamo a ser libertado desde que o presidente norte-americano, Barack Obama, chegou ao poder e prometeu fechar a prisão da base dos EUA.
Claramente abatido e magro, Mohamed disse que não tinha capacidade física ou mental para falar com a imprensa, mas divulgou um comunicado por meio de seus advogados no qual criticava Washington pela maneira com a qual foi tratado nos últimos anos. "Eu tive uma experiência que nunca pensei que teria nem em meus mais sombrios pesadelos", afirmou em nota. "Antes dessa penosa provação, 'tortura' era uma palavra abstrata para mim. Eu nunca imaginei que poderia ser vítima dela. É muito difícil acreditar que fui sequestrado, transportado de uma país para outro e torturado de maneira medieval - tudo orquestrado pelo governo dos Estados Unidos.
Mohamed foi preso em abril de 2002 em Karachi, no Paquistão, depois de tentar usar um passaporte falso para voltar para a Grã-Bretanha. Ele afirma que por três meses foi torturado por agentes paquistaneses que o mantiveram pendurado durante uma semana com seus pulsos amarrados.
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