Conflitos
Apoiadores de Mursi fazem manifestações e enfrentam a polícia
Longas filas de eleitores começaram a se formar cerca de duas horas antes da abertura das urnas em alguns bairros do Cairo. Mulheres e idosos eram boa parte dos eleitores. Algumas manifestações de apoio a Mohammed Mursi foram registradas em diferentes partes do país.
Em Bani Suef, um manifestante de 25 anos morreu após ser atingido por disparos quando ele e cerca de outras 100 pessoas tentaram invadir uma seção eleitoral. Em Sohag, a polícia abriu fogo contra um grupo de cerca de 300 manifestantes. Segundo a versão de uma fonte policial, os agentes de segurança reagiram a disparos de participantes do protesto. Três pessoas morreram.
Também houve confrontos e mortes no Cairo e na província de Gizé. Pouco antes da abertura das urnas, às 9 horas, um artefato explosivo foi detonado em frente a um tribunal no Cairo, no bairro densamente povoado de Imbala. A explosão danificou a frente do prédio e quebrou algumas janelas de prédios próximos, mas não houve feridos.
Os egípcios formaram longas filas nas seções eleitorais de todo o país ontem para referendar uma nova Constituição que representa um marco no projeto dos militares para o país, colocado em prática após o golpe que derrubou o presidente islamita Mohammed Mursi, em julho do ano passado. Pelo menos 11 pessoas morreram e 28 ficaram feridas em choques entre manifestantes e policiais no primeiro dos dois dias de votação, segundo o Ministério da Saúde do Egito.
A votação, que termina hoje, representa um duro golpe para a campanha da Irmandade Muçulmana pelo retorno de Mursi, deposto depois de apenas um ano e três dias no poder, e abre caminho para uma possível corrida presidencial liderada pelo principal general do país, Abdel-Fattah el-Sissi.
Uma enorme operação de segurança foi deflagrada para proteger as seções e eleitores contra possíveis ataques de militantes ligados a Mursi durante a votação. Ao todo, 160 mil soldados e mais de 200 mil policiais foram enviados para todos os cantos do país de 90 milhões de habitantes.
Carros não podiam estacionar ao passar pelas seções eleitorais e mulheres foram revistadas por policiais femininas. Helicópteros militares sobrevoavam o Cairo e outras grandes cidades. Nos dias anteriores ao pleito, o Egito parecia mais um país que estava indo para a guerra do que se preparando para uma suposta transição para um governo democrático.
Campanha
O governo e a mídia, amplamente favorável aos militares, descreveram a votação como algo extremamente importante para a segurança e a estabilidade do país, assunto sobre o qual não pode haver discordância.
Centenas de milhares de panfletos, pôsteres, faixas e outdoors pediam aos egípcios que votem pelo "sim". Pôsteres e campanhas defendendo o "não" levaram a prisões de algumas pessoas.
O referendo é a sexta votação nacional desde que Hosni Mubarak foi derrubado por um levante popular, durante a Primavera Árabe, em 2011. Os outros cinco pleitos foram provavelmente os mais livres já ocorridos no Egito. A votação acontece num período no qual muitas das liberdades conquistadas pelo levante desapareceram.
Mudanças
A nova Carta Magna, escrita por comitês dominados por liberais indicados pelo governo, proíbe partidos políticos que tenham a religião como base, dá às mulheres direitos iguais e protege o status de minorias cristãs. Por outro lado, permite aos militares que selecionem seus próprios candidatos para o Ministério da Defesa pelos próximos oito anos e levem civis para serem julgados em tribunais militares.
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