O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, demitiu o conselho eleitoral do país e, por isso, as eleições gerais que seriam realizadas em novembro serão adiadas. O governo do Haiti publicou na segunda-feira (27) um decreto que dissolveu o grupo responsável pelo pleito, adiado anteriormente duas vezes.
Em entrevista à CNN, Henry disse que os membros do Conselho Eleitoral foram demitidos porque “não podem organizar eleições” e que já está em andamento um processo para designar uma nova comissão. “Tomamos a decisão de barrar esse conselho eleitoral e formar outro, mais consensual e aceito por toda a sociedade”, argumentou.
O primeiro-ministro explicou que as eleições agora só devem ser realizadas no ano que vem, porque antes será feita uma revisão da Constituição do Haiti. “Nós vamos revisar a Constituição nos primeiros meses do próximo ano e as eleições serão realizadas imediatamente depois”, afirmou à CNN.
A demissão do conselho eleitoral foi elogiada pelo político da oposição Andre Michel. “A demissão do atual conselho é um passo importante na implementação do acordo de 11 de setembro de 2021. Asseguraremos que o próximo conselho seja confiável e legítimo. A segurança continua sendo a principal preocupação da população hoje. Devemos agir bem e com rapidez”, escreveu no Twitter.
As eleições legislativas que seriam realizadas no final de 2019 foram adiadas e o então presidente Jovenel Moise passou a governar por decreto. O conselho eleitoral agora dissolvido havia sido nomeado por ele, já que o anterior não concordava com sua proposta de um referendo sobre uma nova constituição.
Em julho deste ano, Moise foi assassinado; apenas dois dias antes, ele havia nomeado Henry como primeiro-ministro. O próprio Henry é suspeito de participação na morte do presidente – ele nega. Este mês, ele demitiu o procurador-geral que havia levantado as suspeitas.
Além da instabilidade política, a situação no Haiti foi agravada este ano por um terremoto, em agosto, que provocou mais de 2 mil mortes. Na semana passada, vários haitianos que estavam acampados na fronteira entre Estados Unidos e México, expondo novamente a crise humanitária no país caribenho, foram deportados para o Haiti.
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