O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, pediu nesta terça-feira a realização de um encontro com seus adversários políticos para impedir que o país mergulhe numa crise agravada pela ordem de prisão emitida contra o vice-presidente sunita.
"Maliki pede que se realize uma conferência que reúna os chefes dos blocos políticos e os dirigentes políticos para debater sobre suas divergências e examinar o estado atual da segurança e situação política", afirmou à AFP Ali Musawi, assessor de imprensa do premiê.
Por outro lado, o vice-presidente sunita Tareq al Hashemi se declarou nesta terça-feira disposto a ser julgado pelas acusações de terrorismo se o processo for realizado na região autônoma do curdistão iraquiano.
"Proponho transferir o caso para o Curdistão", afirmou Hashemi em coletiva de imprensa em Erbil. "Nestas circunstâncias, estou disposto a ser julgado", garantiu.
Uma comissão judicial iraquiana emitiu na segunda-feira uma ordem de prisão contra o vice-presidente em virtude da lei antiterrorista.
Um encarregado judicial, que não quis se identificar, confirmou a emissão da ordem. Anteriormente, a comissão havia proibido que Hashemi deixasse o país.
A notícia foi dada pela emissora estatal de televisão Al Iraqiya, que difundiu sequências nas quais, segundo o ministério do Interior, os guarda-costas de Hashemi confessavam que planejavam e praticavam atos terroristas e que recebiam recursos e apoio do vice-presidente.
Pelo menos 13 guarda-costas de Hashemi haviam sido detidos nas últimas semanas, embora se desconheça quantos continuam detidos.
Anteriormente, o presidente iraquiano, o curdo Masud Barzani, havia pedido conversas urgentes para prevenir o desmonte do governo de unidade nacional, advertindo que "a situação se dirigia para uma profunda crise".
Na segunda-feira, o gabinete de Hashemi queixou-se de "assédio intencional", evocando vários incidentes, como o bloqueio de sua sede há várias semanas.
Estes últimos acontecimentos ocorreram depois que, no sábado, o Iraqiya, segundo grupo parlamentar atrás da Aliança Nacional, coalizão de partidos xiitas da qual faz parte o premier Nuri Al Maliki, suspendesse sua participação no Parlamento e criticasse duramente a forma como o chefe de governo monopoliza o poder.
No domingo, o chefe de governo pediu ao Parlamento que retirasse sua confiança ao vice-premiê, Saleh Mutlak, que o havia tratado na televisão de "ditador pior do que Saddam Hussein".
Os deputados abordarão a questão em 3 de janeiro, segundo um funcionário do Parlamento.
A Casa Branca expressou sua preocupação com a atual crise política no Iraque.
O porta-voz da Presidência americana Jay Carney afirmou que os Estados Unidos estão "inquietos" em relação à crise iraquiana, iniciada após a partida dos últimos soldados americanos estacionados naquele país.
Carney exortou todas as partes a "trabalhar para resolver" suas divergências "de maneira pacífica e através do diálogo, respeitando o Estado de Direito e o processo político democrático".