O primeiro-ministro da Romênia, Victor Ponta, renunciou nesta quarta-feira (4), horas depois de uma grande manifestação que cobrava o governo por um incêndio que deixou dezenas de mortos e feridos em uma boate na semana passada.
Cerca de 20 mil pessoas foram às ruas de Bucareste nesta terça-feira (3) para pedir a renúncia do premiê. “Ponta, demissão”, “Assassinos!”, gritavam alguns manifestantes, acusando o governo de negligência em relação às normas de segurança do país.
Na sexta-feira (30), um espetáculo de fogos de artifício durante um show de heavy metal provocou um incêndio no Clube Colectiv, em Bucareste, deixando 32 mortos e cerca de 200 feridos.
“Tenho a obrigação de reconhecer o enfado legítimo que existe na sociedade”, disse Ponta em entrevista coletiva televisionada desde o Palácio Victoriei, sede do Executivo. “Espero que a renúncia ao meu mandato e ao governo satisfaçam os pedidos dos manifestantes.”
Mais cedo, o líder do governista Partido Social Democrata, Liviu Dragnea, havia dito a jornalistas no Parlamento: “Victor Ponta vai renunciar a seu mandato. Alguém precisa assumir a responsabilidade pelo ocorrido. Este é um assunto sério e nós prometemos uma solução rápida da situação.”
A cúpula do partido deve se reunir nesta quarta-feira para escolher o sucessor de Ponta.
Alvo de uma investigação judicial sobre corrupção, Ponta vinha sendo pressionado a renunciar pelo presidente Klaus Iohannis, que busca pôr o Partido Liberal no poder.
Cristian Popescu Piedone, prefeito do distrito de Bucareste onde fica localizada a boate incendiada, também apresentou sua renúncia nesta quarta-feira.
“Eu assumo a culpa moral. Em relação à [culpa] legal, deixarei para a Justiça se pronunciar”, disse Piedone a jornalistas.
Normas de segurança
Segundo o governo, a Colectiv não tinha as permissões necessárias para organizar shows e espetáculos de pirotecnia. Além disso, testemunhas do incêndio e a imprensa romena apontaram violações das regras de segurança no estabelecimento.
Os três donos da boate admitiram a culpa pelo acidente e foram indiciados por homicídio culposo (não intencional). Eles podem ser condenados a até dez anos de prisão.
A procuradoria investiga agora quem -- Prefeitura de Bucareste, bombeiros, polícia ou serviço de inspeção para situações de emergência -- permitiu a abertura da casa noturna sem as autorizações necessárias.
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