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Quatro suspeitos mortos

Primeiro-ministro do Haiti tenta acalmar o país após morte de presidente

Mural com um desenho do presidente assassinado Jovenel Moise hoje, em Port-au-Prince (Haiti). (Foto: JEAN MARC HERVE ABELARD/Agência EFE/Gazeta do Povo)

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A ONU declarou nesta quinta-feira (8) que reconhece Claude Joseph como primeiro-ministro do Haiti e, por enquanto, como pessoa no comando do país até a realização de novas eleições, e pediu diálogo para resolver as disputas sobre quem deve assumir o poder após o assassinato do presidente Jovenel Moïse.

Em entrevista coletiva, a representante das Nações Unidas no Haiti, Helen La Lime, afirmou que Joseph "é o primeiro-ministro" e que, segundo sua interpretação da Constituição, cabe ao governo do premiê liderar o país e realizar eleições para a escolha de um novo mandatário.

La Lime reconheceu que há "certas tensões" e diferentes interpretações da Constituição, motivo pelo qual pediu um diálogo político, insistindo que os próprios haitianos devem decidir sobre o assunto.

Joseph, que é o ministro das Relações Exteriores, exerce o posto de primeiro-ministro interino desde abril, e assumir o poder de forma efetiva desde o assassinato do presidente.

No entanto, sua legitimidade passou a ser questionada nesta semana por Ariel Henry, ex-ministro de Interior e Trabalho durante o governo de Michel Martelly (2011-2016).

Henry foi nomeado primeiro-ministro na segunda-feira passada, no último decreto assinado por Moïse antes de morrer, mas não tomou posse oficialmente. O político manifestou que Joseph "não é o primeiro-ministro", e sim o chanceler.

No entanto, Henry garantiu que a sua intenção "não é colocar lenha na fogueira", uma vez que é necessário "evitar que o país pegue fogo", mas pediu para conversar com Joseph para que cheguem a um acordo.

A enviada da ONU frisou a importância do diálogo e disse que qualquer mudança na liderança do país que se desvie da Constituição deve ser o resultado de "um acordo político entre as partes envolvidas".

"Nosso papel como Nações Unidas é acompanhar o assunto e apoiar como for apropriado", declarou La Lime, ao dizer que Joseph também se comprometeu a dialogar e está conversando com todas as forças políticas e setores do país.

A diplomata americana, que ontem se reuniu com o primeiro-ministro, disse ter recebido garantias de que Joseph está decidido a continuar o processo de eleições de acordo com o calendário apresentado na semana passada, que prevê a realização do pleito em 26 de setembro.

4 suspeitos foram mortos e 6 estão presos

A polícia do Haiti informou nesta quinta-feira que até agora prendeu seis pessoas por seu suposto envolvimento no assassinato do presidente Jovenel Moïse, enquanto outros quatro suspeitos foram mortos.

"Temos os autores físicos (do assassinato) e estamos procurando os intelectuais", disse o diretor-geral da polícia, Léon Charles, em um pronunciamento transmitido pela televisão ao lado do primeiro-ministro em exercício, Claude Joseph.

Três dos quatro suspeitos que morreram eram estrangeiros, segundo detalhou o chefe policial, que não deu mais informações sobre suas nacionalidades.

Por sua vez, Charles declarou que as operações policiais estão sendo realizadas desde a noite de quarta-feira, o que permitiu localizar vários supostos integrantes do grupo criminoso escondidos em uma casa.

A polícia também apreendeu cinco veículos da suposta quadrilha, mas três deles foram incendiados por civis, que acompanhavam os agentes nas intervenções.

Nesta quinta-feira, um grupo de dezenas de pessoas capturou dois estrangeiros e os entregou à polícia na delegacia de Pétion Ville, em Porto Príncipe.

Segundo o New York Times, ao menos um dos suspeitos detidos é americano, mas seu nome não foi revelado.

Após estes acontecimentos, o primeiro-ministro interino pediu à população que se mobilizou na busca de suspeitos "que sejam inteligentes" e os entreguem às autoridades, a fim de levá-los à Justiça. "Devemos saber os motivos que levaram esses homens a entrar na casa do presidente para assassiná-lo", destacou Claude Joseph.

Em seguida, o primeiro-ministro apelou à população para "voltar para casa e manter a calma", salientando a necessidade de evitar atos de vandalismo e ataques a lojas. "As forças armadas e a polícia estão no controle. É preciso evitar problemas. Não deixem ninguém nos levar a uma situação confusa", frisou.

Haiti reabrirá aeroporto de Porto Príncipe e normalizará voos

O primeiro-ministro interino do Haiti, Claude Joseph, anunciou também nesta quinta-feira que o aeroporto de Porto Príncipe será reaberto e os voos serão normalizados, um dia após o assassinato do presidente Jovenel Moïse.

"Já enviamos instruções para que o aeroporto internacional seja aberto", declarou o chefe de governo à imprensa.

O aeroporto Toussaint Louverture de Porto Príncipe foi fechado na quarta-feira, horas após o assassinato, e desde então só foram permitidos pousos e decolagens de voos diplomáticos e humanitários. A República Dominicana também proibiu seus voos com o Haiti e fechou as fronteiras terrestres com o país vizinho.

Primeira-dama do Haiti apresenta quadro "estável, mas crítico"

A condição da primeira-dama do Haiti, Martine Moïse, que foi internada com urgência em um hospital em Miami, é "estável, mas crítica", segundo informaram nesta quinta-feira (8) o prefeito da cidade, Francis Suárez, e a congressista Frederica Wilson.

Em entrevista coletiva, Wilson, representante do distrito onde se concentra a numerosa comunidade haitiana no sul da Flórida, explicou que a primeira-dama está no hospital Jackson Memorial e que, segundo o Departamento de Estado, nem ela nem os filhos do casal eram alvos do grupo de homens armados que invadiram a residência do presidente e o assassinaram na quarta-feira.

Suárez acrescentou que a polícia de Miami tomou medidas para a segurança da primeira-dama, que na tarde de quarta-feira foi transferida de avião ao aeroporto executivo de Fort Lauderdale, de onde foi imediatamente levada para o hospital.

Estados Unidos querem ajudar nas investigações

Suárez, assim como várias autoridades e representantes locais da diáspora haitiana no sul da Florida, defenderam a "segurança e estabilidade" no país caribenho e pediram ao governo do presidente dos EUA, Joe Biden, para que mobilize "todos os recursos diplomáticos" para uma transição pacífica e democrática.

Wilson, do Partido Democrara e representante do Congresso do distrito onde se situa o bairro Little Haiti de Miami, confessou estar assustada e em "choque" com o assassinato do presidente haitiano Jovenel Moïse.

"Não é apenas o assassinato do presidente, é quem o assassinou e por quê", disse a congressista, que acrescentou que "o Haiti está em risco" levando em conta a presença de pelo menos uma centena de grupos e gangues que "buscam tomar o controle".

O crime contra o governante abriu um novo capítulo na profunda crise política que o país tem enfrentado desde 2018 devido a alegações de corrupção contra Moïse, que enfrentou nos últimos meses manifestações em massas que muitas vezes resultaram em saques, violência e mortes.

A Casa Branca comunicou nesta quinta-feira que pretende ajudar na investigação do assassinato de Moïse, mas assegurou que ainda não recebeu nenhum pedido de assistência do Haiti. "A nossa mensagem ao povo do Haiti é que estamos com eles e queremos prestar assistência", disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

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