O primeiro-ministro da Tailândia, Somchai Wongsawat, afirmou na noite desta quarta-feira (pelo horário local)(26) que seu governo não vai renunciar, apesar da onda de protestos da oposição e de pedidos para que convoque eleições antecipadas.
"Este governo foi eleito pelo povo e vai desempenhar seus deveres perante a nação e os cidadãos até o fim", disse Somchai em pronunciamento transmitido em rede nacional de televisão.
O primeiro-ministro fez essas declarações depois de desembarcar numa base aérea em Chiang Mai, no norte do país, porque o aeroporto internacional de Suvarnabhimi, em Bangcoc, a capital, permanece ocupado por milhares de manifestantes que exigem sua saída do governo.
Somchai voltava do Peru, onde havia participado do encontro de cúpula da região da Ásia e do Pacífico durante o fim de semana. Ele convocou uma reunião de emergência do governo para esta quinta-feira (27).
Na terça-feira, o comandante das Forças Armadas tailandesas, general Anupong Paojinda, havia sugerido que o governo, que assumiu em 2006, deveria convocar novas eleições.
Paojinda negou nesta quarta-feira que os militares do país planejem um golpe de Estado. Porém o general afirmou que o primeiro-ministro deve convocar novas eleições. "Isso não é um golpe", disse Anupong em entrevista coletiva, após uma reunião de emergência com militares e importantes empresários do país.
O próprio ministro das Finanças, Suchart Thada-thamrongvech, afirmou que "a dissolução do Parlamento é a melhor opção entre as três alternativas para encerrar a crise". As outras duas seriam a continuidade do governo atual e a renúncia pura e simples de Somchai.
O movimento de oposição é liderado pela Aliança do Povo pela Democracia, que já ocupava a sede do governo desde agosto. Em 2006, o mesmo movimento realizou uma série de protestos que levaram o Exército a depor o antecessor de Somchai, Thaksin Shinawatra, acusado de corrupção e de abuso do poder; Thaksin deixou o país e vive no exílio. Somchai é seu cunhado e a oposição o acusa de ser um mero títere de seu antecessor.
Turismo
Segundo o Wall Street Journal Asia, a crise política levou o caos a um dos principais destinos turísticos do mundo, com cerca de 15 milhões de visitantes estrangeiros a cada ano. O aeroporto de Suvarnabhumi, inaugurado em 2006, custou US$ 4 bilhões e sua paralisação está causando perdas de US$ 85 milhões por dia, segundo cálculo da Câmara de Comércio da Tailândia.
A Tailândia é vista como um dos mais estáveis destinos para turistas e para investimentos entre os países em desenvolvimento O país recebeu US$ 15 bilhões em investimento estrangeiro direto em 2007, de US$ 9,6 bilhões em 2006, e tornou-se nos últimos anos um centro importante de produção para indústrias como Ford e Toyota.
Desigualdade
A crise política que tomou conta do país há dois anos reflete uma grande desigualdade na distribuição de renda, com a maior parte da riqueza do país concentrada em Bangcoc.
O movimento de oposição que derrubou Thaksin e agora quer o afastamento de Somchai tem raízes principalmente na capital. Thaksin adotou políticas populistas em favor da população pobre das áreas rurais, como crédito subsidiado para as aldeias mais pobres e para a agricultura familiar, o que o tornou muito popular e garantiu a eleição de seu cunhado Somchai em 2006, mas atraiu a ira da classe média de Bangcoc, de parte do empresariado e de elementos da elite acadêmica.
"O dano causado pelo impasse à economia tailandesa será profundo e duradouro. A imagem de manifestantes tomando o aeroporto vai permanecer nas mentes dos investidores e dos empresários. A Tailândia agora tem a reputação de ser ingovernável", disse o professor de Ciência Política Thitinam Pongsudhirak, da Universidade Chulalongkorn.
Crescimento econômico
Economistas observam que a economia tailandesa tem tido um desempenho relativamente bom. As exportações cresceram 25% no terceiro trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado. O crescimento do investimento estrangeiro direto sofreu uma desaceleração, mas deverá ficar em 2008 perto dos níveis de 2007. A expectativa para o crescimento do PIB do país neste ano é de 3% a 4%, e de 2% a 3% em 2009, mas a crise global, combinada com o impasse político, poderá mudar essa perspectiva para pior. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Deixe sua opinião