Presidente do Partido da Sociedade Democrática Ahmet Turk fala com a imprensa sobre o encontro com o primeiro-ministro Recep Erdogan| Foto: Adem Altana / AFP Photo

O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, reuniu-se com políticos pró curdos nesta quarta-feira (5), uma medida que tem como objetivo estabelecer as bases para o fim da insurgência curda que já dura 25 anos. Ele reconheceu, porém, que o caminho para a paz será longo e difícil.

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Foi o primeiro encontro entre Erdogan e Ahmet Turk, presidente do Partido da Sociedade Democrática, e seus legisladores desde que a legenda pró curdos conquistou 21 assentos no Parlamento de 550 cadeiras em 2007. A medida reflete uma abordagem conciliadora da parte do governo, que disse que vai conceder mais direitos à minoria curda para encerrar os conflitos. "Eu acredito que serão necessários alguns passos até derrubarmos algumas suspeitas", disse Erdogan, acrescentando que os esforços de paz podem não encerrar os problemas no curto prazo. "Eu acredito que no médio e longo prazos conseguiremos vencê-los".

Erdogan havia recusado um encontro com Turk e os integrantes de seu partido, criticando a legenda por não classificar os rebeldes como "terroristas". A reunião desta quarta-feira aconteceu no escritório de Erdogan no Parlamento.

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A Turquia negou-se a conversar com o grupo rebelde, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), mas disse que apenas ações militares não vão pôr fim ao conflito. O governo agora pede um consenso nacional para encerrar os confrontos.

Ativistas curdos disseram que o líder rebelde Abdullah Ocalan, que está preso, vai anunciar um "mapa do caminho" para encerrar o conflito antes de 15 de agosto, data em que a guerrilha pegou em armas em 1984. Eles lutam por autonomia e outros direitos no sudeste da Turquia, mas muitos dos ataques insurgentes são lançados de esconderijos no norte do Iraque.

Os curdos turcos representam um quinto da população de 70 milhões de habitantes da Turquia. Eles vivem predominantemente na região pobre do sudeste do país, onde o grupo rebelde e o partido pro curdo buscam alguma autonomia, similar à conquistada pela região semiautônoma da Catalunha, na Espanha.

O governo turco ainda tem de divulgar os detalhes de um plano para pôr fim aos confrontos. Os rebeldes querem uma anistia incondicional que inclua seus líderes, mas o governo disse que não pretende ampliar as leis que permitem apenas que rebeldes de baixo escalão não sejam presos. Para isso, eles têm de renunciar ao seu passado e compartilhar informações de inteligência.

"Nosso povo quer unidade, solidariedade, cooperação. Não morte e sangue", disse Erdogan. "As mães querem que as lágrimas parem. Todos nós queremos isso".

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Turk, cujo partido enfrenta a possibilidade de ser fechado sob acusações de ligação com os rebeldes curdos, saudou a aproximação do governo mas destacou a importância da flexibilidade e da participação de todos os lados na resolução do problema. "Estamos felizes e esperançosos com o fato de que um ambiente de diálogo tenha sido criado", disse ele. "Nós deixamos claro nossas opiniões sobre o processo que vai incluir as opiniões de cada parte da sociedade e vai amadurecer com o tempo".

O governo de Erdogan não recebeu apoio dos principais partidos de oposição, que o acusam de fazer concessões aos rebeldes. As informações são da Associated Press.