O príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth II, morreu nesta sexta-feira (9) aos 99 anos no Castelo de Windsor, anunciou o Palácio de Buckingham. A causa da morte ainda não foi revelada.
"É com profunda tristeza que Sua Majestade a Rainha anuncia a morte de seu amado marido, Sua Alteza Real, o Príncipe Philip, Duque de Edimburgo", diz o comunicado do palácio.
Philip, que completaria 100 anos em 10 de junho, foi visto em público pela última vez em 16 de março, após deixar o hospital King Edward VII, onde estava se recuperando após uma cirurgia cardíaca feita no começo daquele mês. A saúde do duque já era motivo de preocupação em fevereiro, quando ele passou mal e ficou sob observação em um hospital, como "medida de precaução". Depois, o Palácio de Buckingham revelou que ele estava fazendo tratamento de uma infecção.
Informações sobre o funeral real não foram reveladas. Espera-se que seja uma cerimônia com honras militares, restrita a poucas pessoas por causa da pandemia de Covid-19. Segundo o jornal britânico Telegraph, o duque havia deixado instruções dizendo que desejava um funeral discreto.
Philip e Elizabeth se casaram em 1947, cinco anos antes de ela se tornar rainha do Reino Unido. Eles tiveram quatro filhos: príncipe Charles, princesa Anne, príncipe Andrew e príncipe Edward.
Reações
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, lamentou a morte, dizendo que o príncipe Philip havia "inspirado as vidas de incontáveis jovens". "Ele ajudou a orientar a Família Real e a monarquia para que permanecesse uma instituição indiscutivelmente vital para o equilíbrio e felicidade de nossa vida nacional", afirmou Johnson na sede do governo britânico.
O premiê também lembrou que o duque era um dos últimos sobreviventes a ter lutado na Segunda Guerra. "Desse conflito ele levou consigo uma ética de servir, que aplicou ao longo das mudanças sem precedentes da era pós-guerra", disse Johnson.
A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, enviou condolências à rainha e à família real.
O arcebispo de Canterbury, Justin Welby, também lamentou a morte de Philip. "Ele consistentemente colocava os interesses dos outros à frente dos seus próprios e, ao fazer isso, ofereceu um excelente exemplo do serviço cristão", disse Welby.
Do outro lado do Atlântico, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também lamentou a morte do príncipe. "Ao longo de sua vida de 99 anos, ele viu nosso mundo mudar dramática e repetidamente", disse Biden em um comunicado. "Desde o serviço prestado durante a Segunda Guerra Mundial aos 73 anos ao lado da Rainha e toda a sua vida aos olhos do público, o Príncipe Philip dedicou-se de bom grado ao povo do Reino Unido, à Comunidade e à sua família".
Outras lideranças mundiais, como o presidente francês, Emmanuel Macron, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a chanceler alemã, Angela Merkel, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e o premiê australiano, Scott Morrison, também enviaram suas condolências à família real britânica.
Quem foi o príncipe Philip
O príncipe Philip nasceu em 10 de junho de 1921, na ilha de Corfu, na Grécia, filho mais novo do príncipe grego-dinamarquês Andrew e da princesa inglesa-alemã Alice de Battenberg. Assim como a rainha Elizabeth II, ele era bisneto da rainha Victoria.
No ano seguinte ao seu nascimento, a família se viu obrigada a fugir da Grécia em um navio britânico, depois que o rei Constantino I deixou o poder. Quando tinha oito anos, a mãe foi internada em um centro psiquiátrico e, depois dessa ocasião, praticamente foi criado pelos parentes dela que viviam no Reino Unido. Philip passou a adolescência em um internato escocês chamado Gordonstoun School. Ele dizia que sua visão pragmática e nada sentimental da vida, que muitos consideravam insensibilidade, foi construída durante o período em que ele estudou nesta escola.
Ao sair do internato, Philip entrou para a academia da Marinha Britânica, onde se formou como o primeiro da turma. Nessa época, ele conheceu a princesa Elizabeth, que anos depois viria a ser sua esposa. Ela tinha 13 anos e ele, 17.
Antes do casamento, Philip lutou na Segunda Guerra, servindo com distinção na Marinha Real. A carreira militar dele estava em ascensão quando em 1947 se casou com Elizabeth, mas a vida do casal mudou completamente quando a princesa se tornou rainha, após a morte do pai dela, o rei George VI, em 1952. As ambições na Marinha tiveram que ficar de lado para dar suporte à esposa.
Sobre esse momento da vida de Philip, o comandante Michael Parker, amigo e secretário particular do duque de Edimburgo, disse: "Parecia como se metade do mundo tivesse caído sobre ele. Nunca senti tanta pena de ninguém em toda a minha vida. Ele apenas respirava pesadamente, como se estivesse em choque. Ele viu imediatamente que o idílio da vida a dois tinha chegado ao fim".
"Estando casado com a rainha me parecia que deveria servi-la da melhor maneira possível", disse Philip em uma entrevista, certa vez.
Como consorte real, o duque se dedicou a projetos de caridade, científicos, esportivos e educacionais. Mas constantemente ganhava atenção da imprensa por outro motivo: seus comentários inadequados.
Certa vez, disse ao presidente da Nigéria, que estava usando um traje nacional: "Você parece que está pronto para dormir". Em outra ocasião, aconselhou estudantes britânicos na China a não ficarem muito tempo lá ou eles acabariam com os "olhos rasgados". Também provocou risos da jovem ativista Malala Yousafzai, que defende o direito da educação de meninas, ao dizer a ela que "os pais enviam as crianças para a escola porque não as querem em casa".
Essas gafes dividiam a opinião do público britânico: muitos o achavam espontâneo e divertido e outros achavam que seus comentários eram ofensivos. Mas de uma maneira geral, ele era querido pelos britânicos, tanto pelo apoio que deu à rainha Elizabeth II durante sua vida, quanto pelo seu trabalho em quase 800 organizações das quais fazia parte.
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