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Jamal Khashoggi

Príncipe saudita aprovou assassinato de jornalista, diz inteligência dos EUA

Amigos do jornalista Jamal Khashoggi, assassinado em 2018, protestam no segundo aniversário de sua morte. Segundo relatório de inteligência dos EUA, o príncipe Mohammed bin Salman aprovou o assassinato (Foto: AFP)

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Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Coroa Saudita, aprovou a operação para capturar ou assassinar o jornalista saudita Jamal Khashoggi, morto em 2018 na Turquia, afirma relatório dos serviços de inteligência dos Estados Unidos divulgado nesta sexta-feira (26).

"Nossa avaliação foi feita com base no controle do príncipe da Coroa sobre o processo de decisão do Reino, o envolvimento direto de um assessor chave e de membros do equipe de proteção de Mohammed bin Salman na operação, e no apoio dado pelo príncipe da Coroa ao uso de medidas violentas para silenciar dissidentes no exterior, incluindo Khashoggi", afirma o relatório de quatro páginas.

O governo do presidente americano Joe Biden revelou ao público o documento até então confidencial nesta sexta-feira, depois de ter enviado o texto ao Congresso americano. A divulgação do relatório, produzido pelo Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional, foi ordenada pelo Congresso, mas a administração anterior, de Donald Trump, decidiu não torná-lo público.

O relatório confirma as conclusões da CIA sobre o caso, divulgadas semanas após o assassinato de Khashoggi, que era colunista do Washington Post e crítico da Coroa Saudita.

"Desde 2017, o príncipe da Coroa tem controle absoluto das organizações de segurança e inteligência do Reino, tornando altamente improvável que oficiais sauditas tenham executado uma operação desta natureza sem a autorização do príncipe da Coroa", diz o relatório.

O documento, que foi divulgado com trechos censurados, aponta para o fato de que o grupo de 15 pessoas que esteve no consulado saudita na Turquia em 2 de outubro de 2018 incluía oficiais que trabalhavam para o Centro Saudita para Estudos e Assuntos de Mídia na Corte Real, que na época era comandado por um assessor próximo a bin Salman, conhecido como MBS, que já tinha afirmando publicamente que não tomava decisões sem a aprovação do príncipe.

Khashoggi entrou na consulado saudita em Istambul para buscar documentos necessários para o casamento com a sua noiva turca, Hadice Cengiz. Autoridades sauditas o deram garantias de que ele estaria seguro ao entrar na representação diplomática, mas detalhes do crime revelados pela investigação da Turquia demonstram a brutalidade de seu assassinato.

Agentes, que chegaram à Turquia em aviões do Estado, dominaram o jornalista, o mataram e esquartejaram o seu corpo com uma serra. O seu corpo nunca foi encontrado.

Ainda não está claro quais serão os próximos passos do governo Biden em relação ao príncipe. Parlamentares dos dois partidos no Congresso defenderam a aplicação de sanções, sugerindo restrições econômicas, proibição de negócios com os EUA e ação penal, segundo o Washington Post.

Espera-se que o Departamento de Estado anuncie as próximas ações. A Casa Branca já afirmou que está "recalibrando" as suas relações com a Arábia Saudita, afastando-se da relação próxima que o presidente Trump tinha com MBS.

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