O príncipe William, neto da rainha Elizabeth II, chegou às Malvinas para uma missão de seis semanas como piloto da Royal Air Force (RAF) britânica, o que foi considerado pela Argentina como um "ato de provocação", em meio a uma escalada da tensão bilateral pela soberania do arquipélago.
A missão, anunciada ontem pelo Ministério da Defesa, começa exatamente dois meses antes do 30.º aniversário do início da guerra entre os dois países pela posse das ilhas. A missão faz parte do trabalho e da carreira do príncipe, de 29 anos, como piloto de busca e resgate da RAF.
O governo da presidente argentina, Cristina Kirchner, emitiu um comunicado lamentando que "o herdeiro real chegue a solo pátrio com o uniforme de conquistador e não com a sabedoria do estadista que trabalha a serviço da paz e do diálogo entre as nações".
A chegada de William às Malvinas corre o risco de aprofundar ainda mais a escalada verbal mantida por Londres e Buenos Aires desde a decisão do Mercosul de proibir em dezembro a entrada em seus portos de navios com bandeira do arquipélago, em solidariedade à reivindicação argentina. Ontem houve protestos em Buenos Aires contra a visita.
"Militarização"
O anúncio no início da semana de que o Reino Unido enviará em breve um moderno destroyer às Malvinas para substituir a fragata que patrulha atualmente a região alimentou a tensão e foi denunciado por Buenos Aires como uma tentativa de "militarizar o conflito".
A Argentina exige a abertura de negociações bilaterais sobre a soberania das ilhas, sob dominação britânica desde 1833, em cumprimento do que a ONU pede desde 1965, mas Londres insiste no direito de autodeterminação dos cerca de 3 mil habitantes da ilha, que se sentem majoritariamente britânicos. Com esta missão, William segue os passos de seu tio Andrew, que pilotou helicópteros de busca e resgate durante a guerra das Malvinas.
O conflito de 74 dias, que começou em 2 de abril de 1982, custou a vida de 255 britânicos e 649 argentinos e terminou em 14 de junho com a rendição das tropas da nação sul-americana.