A prisão do diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), o francês Dominique Strauss-Kahn, no sábado, em Nova York, acusado de atacar sexualmente uma funcionária de um hotel, pode trazer problemas para o papel do Fundo Monetário Internacional, não só na discussão sobre a dívida da Europa, mas também sobre a continuidade de um europeu no comando da entidade.
Ele estava programado para se encontrar ontem com a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, e hoje e amanhã com os ministros das Finanças dos países que integram a zona do euro. O encontro seria utilizado para resolver os detalhes do megapacote de ajuda de 78 bilhões de euros a Portugal e para debater a recente piora da crise da dívida na Grécia.
As acusações agora colocam dúvidas sobre o papel do FMI na solução da crise fiscal da Europa, em que Strauss-Kahn era um dos atores mais influentes, com papel fundamental nos resgates a Portugal, Irlanda e Grécia desde o ano passado.
Strauss-Kahn está sendo substituído interinamente por John Lipsky, o número dois do Fundo, que já tinha avisado que deixaria o cargo ao fim do seu mandato, no dia 31 de agosto próximo. A saída dos dois reabre a discussão sobre o papel dos emergentes no Fundo.
Historicamente, o comando do FMI fica com um europeu, e o número dois é americano. Com a crise, porém, os europeus perderam força e, a partir de 2012, terão sua cota no Fundo reduzida, perdendo espaço para países como o Brasil, a China e a Índia.
Crise política
A prisão do francês também pode afetar a corrida presidencial na França. Ainda que não tenha anunciado sua candidatura, Strauss-Kahn, que é membro do Partido Socialista, aparece nas pesquisas como o principal rival do presidente francês Nicolas Sarkozy na eleição presidencial, marcada para abril do ano que vem.
Números divulgados no início de maio apontam que o chefe do FMI, que ainda não confirmou se vai concorrer, teria 23% dos votos no primeiro turno contra 17% para a líder da extrema-direita Marine Le Pen e 16% para Sarkozy.
Strauss-Kahn tentou concorrer ao cargo em 2007, mas perdeu a candidatura do Partido Socialista. Meses depois, foi indicado ao FMI, com o apoio do próprio Sarkozy o que foi visto à época como uma manobra para afastá-lo da corrida presidencial.
A jornalista Anne Sinclair, mulher de Strauss-Kahn, afirmou ontem não acreditar "nem um só segundo" nas acusações feitas contra seu marido. Ela afirmou, em uma breve nota emitida à imprensa francesa, ter certeza de que "sua inocência será confirmada" e pediu "decência e discrição" sobre o assunto. O FMI indicou que não fará comentários sobre a prisão, e afirmou que a instituição continua "completamente operacional".
Após visita a uma delegacia de Nova York, onde Strauss-Kahn prestou depoimento e encontra-se preso, seu advogado William Taylor disse que o diretor-geral do FMI está bem. "Vamos com ele ao tribunal mais tarde", revelou. O advogado ainda afirmou que Strauss-Kahn nega todas as acusações. "Ele vai se declarar inocente", disse. Strauss-Kahn seria colocado diante de um juiz ainda na noite de ontem.
O dirigente foi retirado pelos policiais da primeira classe do voo da companhia aérea Air France que ia para Paris minutos antes da sua decolagem. Ele iria se encontrar ontem com a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel.
Prisão
Segundo o jornal New York Post, a funcionária do hotel entrou no quarto para limpá-lo quando Strauss-Kahn saiu nu do banheiro e a agarrou. Ele a teria jogado no chão e a obrigado a fazer sexo oral. Os funcionários alertaram a polícia mas, quando os oficiais chegaram ao hotel, o dirigente do FMI já havia saído, de maneira aparentemente precipitada, pois deixou no quarto alguns objetos pessoais, entre eles o telefone celular. Poucas horas depois, o francês foi para o aeroporto JFK, em Nova York. Não está claro com quanta antecedência ele comprou a passagem.
Não é a primeira vez que Strauss-Kahn se vê envolvido em controvérsia. Em 2008, pouco depois de assumir o comando do Fundo, ele assumiu ter tido um caso com uma funcionária do organismo, a economista Piroska Nagy, casada com um ex-presidente do BC argentino. Na época, Strauss-Kahn admitiu "um erro de julgamento" por conta do caso.
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