![Prisão de supostos espiões cria tensão política Waldomar Mariscal, filho de Vicky Pelaez, jornalista peruana presa sob suspeita de espionagem, volta à casa onde ela foi detida: apreensão | Jessica Rinaldi/Reuters](https://media.gazetadopovo.com.br/2010/06/30-russia_30-06-10-1.0.55086580-gpLarge.jpg)
Peru não tem informações sobre jornalista presa
O ministro de Defesa do Peru, Rafael Rey, disse ontem desconhecer a situação da jornalista peruana Vicky Peláez. Peláez, colunista do jornal em espanhol El Diário/La Prensa, que está entre os 11 presos por suposta atuação ilegal nos EUA como agentes da inteligência russa.
"A única informação que tenho é a que saiu na imprensa. Tomara que não seja verdade e que se prove sua inocência", disse Rey aos jornalistas.
A mãe de Peláez, Angélica Ocampo, afirmou ontem que sua filha é inocente das acusações e disse que pretende viajar aos EUA. "Vou dar minha vida. Ficarei sem casa, mas vou contratar um advogado para defendê-la", disse ela.
Peláez e seu marido, o uruguaio Juan Lázaro, foram presos no domingo em sua casa em Yonkers, ao norte de Nova York, e compareceram ontem a um tribunal federal em Manhattan, segundo fontes da promotoria.
A Rússia rejeitou com veemência ontem as acusações feitas na véspera pelos EUA, que anunciou ter desbaratado rede de espionagem russa e detido 10 de 11 acusados de atuar há vários anos obtendo informações para Moscou.
O 11.º suspeito foi preso ontem pelo Chipre. A chancelaria da Rússia admitiu que alguns dos detidos são russos, mas disse que as acusações são "infundadas e descabidas" e que "lamenta profundamente" que surjam após Washington propor o "reinício" das relações bilaterais.
"Essas ações perseguem objetivos escusos. Não entendemos o que levou o Departamento da Justiça a dar um a declaração no espírito da Guerra Fria", disse nota. "Esperamos que explique."
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse esperar que o caso não afete as relações. Segundo ele, o presidente Barack Obama já sabia do caso quando recebeu o colega russo, Dmitri Medvedev, na semana passada.
Na denúncia anunciada na segunda-feira, o Departamento da Justiça acusou os 11 suspeitos de viver há vários anos nos Estados Unidos como parte de um programa de espionagem da agência de inteligência SVR, sucessora da soviética KGB.
Segundo a peça de acusação, agentes secretos russos se passavam por casais americanos vivendo nos EUA e em outros países para se inserir em "esferas de tomada de decisão", recrutar fontes e enviar informação a Moscou.
A denúncia reproduz também supostas mensagens entre Moscou e os suspeitos e relata detalhes cinematográficos das comunicações mantidas entre eles, como troca de mochilas em estações de trem, recados em tinta invisível e transmissão codificada.
Os suspeitos, investigados durante vários anos, segundo os EUA, foram acusados de não se registrar como agentes de governo estrangeiro e de lavagem de dinheiro, mas não de espionagem.
O escândalo ocorre num momento de reaproximação entre os antigos rivais. Sexta-feira, Obama e Medvedev se deixaram fotografar em lanchonete de Washington comendo hambúrgueres.
A revelação do caso coincidiu ainda com a visita do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) ao premier e ex-presidente russo, Vladimir Putin. "Entendo que lá [nos Estados Unidos] a polícia esteja colocando as pessoas na cadeia", disse Putin, ex-agente da KGB, arrancando risadas de Clinton. "É o trabalho dela. Mas espero que esse momento positivo das nossas relações não seja afetado por esses eventos."
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