Uma prisão de traficantes de drogas realizada na semana passada em Praia Grande, litoral de São Paulo, voltou a deixar em evidência a atuação do grupo fundamentalista libanês Hezbollah (considerado uma organização terrorista por vários países, entre eles os Estados Unidos) nas Américas.
Segundo uma reportagem investigativa do site argentino Infobae publicada nesta quinta-feira (29), foram presos um brasileiro e um cidadão turco, Garip Uç, conhecido como o “Químico do PCC” – Primeiro Comando da Capital, uma das principais organizações criminosas do Brasil.
A dupla produzia num laboratório em Praia Grande o chamado “dry marroquino”, um haxixe aprimorado extraído da flor da maconha e 18 vezes mais potente. Uç é irmão de Eray Uç, integrante da rede do traficante com nacionalidade libanesa e paraguaia Ali Issa Chamas. O Hezbollah opera uma grande rede entre Paraguai, Brasil, Estados Unidos e Turquia, ao qual Chamas estava associado.
Chamas foi preso em 2016 e, após um período detido nos Estados Unidos, foi extraditado de volta ao Paraguai, onde cumpre sentença por tráfico internacional de drogas. Porém, dois turcos ligados ao grupo, Munir Özturk e Eray Uç, irmão de Garip, conseguiram fugir após serem detidos em 2017.
A expectativa é que a prisão do irmão de Eray Uç ajude a localizar os dois foragidos, mas, conforme destacou o Infobae, o desmantelamento do laboratório em Praia Grande indica que o grupo segue atuando na região mesmo com Chamas preso.
Um artigo recente publicado pela Homeland Security Today apontou que as redes turcas têm se envolvido com o tráfico de fentanil na América Latina, cuja entrada no Brasil tem sido promovida pelo PCC.
A tríplice fronteira Brasil-Argentina-Paraguai é considerada um enclave das ações do Hezbollah desde pelo menos os anos 1990, quando um atentado à Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em Buenos Aires matou 86 pessoas.
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