Uma prisão privada na África do Sul, operada pela empresa de segurança britânica G4S, está sendo investigada pelo Ministério de Serviços Correcionais sul-africano por casos de tortura contra os presidiários.
Segundo denúncia do Wits Justice Project, um projeto do departamento de jornalismo da Universidade de Witwatersrand que investiga as prisões no país desde 2008, os detidos do Centro Correcional Mangaung, que fica próximo a cidade de Bloemfontein, na África do Sul, recebem choques elétricos e medicamento forçado.
"Pesquisamos durante um ano e temos testemunho de 70 pessoas, incluindo presos, guardas e pessoal médico, bem como documentos médicos e legais e imagens de vídeo de dentro da prisão", disse Ruth Hopkins, jornalista do grupo.
Um vídeo, divulgado pelo jornal britânico "The Guardian", gravado no dia 24 de maio pela equipe de emergência da prisão, que é obrigada a filmar todas as suas ações, mostra o um detido recebendo uma injeção contra a sua vontade.
Os medicamentos antipsicóticos, que foram administrados aos presos cinco vezes por semana e às vezes até naqueles que não tinham tais distúrbios, causam perda de memória, rigidez muscular e têm efeitos colaterais que podem causar a morte, de acordo com a pesquisa do Wits Justice Project.
O Ministério de Serviços Correcionais assumiu a gestão da prisão Mangaung no dia 9 de outubro para garantir a segurança dos internos e funcionários, alegando que a G4S tinha perdido o controle do Centro.
Em setembro houve uma greve de cerca de 400 guardas que exigiam melhores condições de trabalho. A empresa britânica demitiu 330 funcionários, membros de um sindicato de policiais e de funcionários de presídios, que se recusaram a voltar ao trabalho após a greve. Os demitidos foram substituídos por pessoas sem experiência ou preparação, de acordo com o Wits Justice Project.
Durante a greve, um motim de presos resultou no esfaqueamento de vários trabalhadores. Uma guarda foi feita refém durante 13 horas, até que foi libertada por forças policiais especiais.
O Centro Correcional Mangaung, na província central de Free State, tem cerca de 2 mil detentos e é a segunda maior prisão privada do mundo. A empresa G4S ganhou um contrato de 25 anos em 2000 para a construção, manutenção e funcionamento da prisão.