Um residente britânico preso em Guantánamo por mais de quatro anos retornou ao Reino Unido em voo fretado como um homem livre nesta segunda-feira (23) e acusou o governo dos Estados Unidos de torturá-lo com métodos "medievais", com a conivência britânica.
Binyam Mohamed, cidadão etíope com residência no Reino Unido, foi solto depois que o governo britânico requisitou na semana passada sua libertação. Todas as acusações contra ele foram arquivadas, e Mohamed nunca foi julgado. A prisão de Guantánamo abriga suspeitos de terrorismo.
Mohamed, 30, foi o primeiro prisioneiro de Guantánamo solto desde que o presidente dos EUA, Barack Obama, tomou posse com a promessa de fechar a polêmica prisão. Organizações defensoras dos direitos humanos dizem que 241 prisioneiros permanecem no local, incluindo outro residente do Reino Unido.
Claramente abatido e magro, Mohamed disse que não tinha capacidade física ou mental para falar com a imprensa, mas divulgou um comunicado por meio de seus advogados no qual criticava Washington pela maneira com a qual foi tratado nos últimos anos.
"Eu tive uma experiência que eu nunca pensei em me deparar nos meus mais sombrios pesadelos", afirmou ele no comunicado.
"Antes dessa experiência, 'tortura' era uma palavra abstrata para mim. Eu nunca pude imaginar que seria sua vítima. Para mim, é difícil acreditar que eu fui raptado, mudado de um país para outro e torturado de formas medievais - tudo orquestrado pelo governo dos EUA", acrescentou.
Segundo Mohamed, ele teve seus genitais cortados com um bisturi e foi vítima das técnicas de simulação de afogamento. O governo do Marrocos negou as acusações e os EUA também rejeitaram as declarações do ex-detento.
O cidadão etíope foi detido no Paquistão em abril de 2002, na cidade de Karachi, no Paquistão, depois de tentar usar um passaporte falso para voltar para a Grã-Bretanha. O ex-preso criticou duramente o governo do Reino Unido. Segundo ele, oficiais dos serviços de inteligência paquistaneses o agrediram durante os interrogatórios com a presença de agentes britânicos. Em julho de 2002 ele foi transferido para o Marrocos, onde ficou até setembro de 2004, quando foi levado para Guantánamo.
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