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Nikki Sinclair, membro do Parlamento europeu, deposita flores em homenagem à Thatcher | Suzanne Plunkett/Reuters
Nikki Sinclair, membro do Parlamento europeu, deposita flores em homenagem à Thatcher| Foto: Suzanne Plunkett/Reuters

"Quer entender a influência de Margaret Thatcher? Olhe para Tony Blair". Recorrente na mídia britânica no início dos anos 2000, quando o assunto era o legado de um de seus mais importantes ícones políticos, a anedota faz alusão ao famoso discurso feito por Blair em 1999, quando o então primeiro-ministro do Reino Unido declarou, em plena convenção do Partido Trabalhista, que a luta de classes havia acabado. Parecia recitar o que pregava Thatcher anos antes e dava início à guinada à direita que marcou o seu "Novo Trabalhismo".

Debates políticos à parte, é no campo da economia que Thatcher garantiu seu lugar na história britânica, como heroína e vilã. Eleita em 1979, Thatcher não usou de parcimônia em termos de reformas nos seus 11 anos no poder: seu programa de privatização fez com que mais de 40 empresas — incluindo as de ramos estratégicos como petróleo, gás, energia elétrica e nuclear, e telecomunicações — saíssem das mãos do Estado, na maior operação do gênero já vista.

Continuidade

Thatcher deixou o governo em 1990, mas seus sucessores, incluindo Blair e o atual governo conservador de David Cameron, mantiveram a filosofia de desestatização. Hoje, o Royal Mail (os correios) desponta como única empresa de porte pertencente ao governo e mesmo o outrora intocável sistema público de saúde anda recebendo investimentos privados.

"Em termos gerais, porém, não se pode dizer que as privatizações foram um mau negócio", diz o diretor do Instituto de Pesquisas em Economia e Desenvolvimento da Universidade de Cardiff, James Foreman-Peck. "Sob o controle do Estado, a produtividade dessas empresas era muito mais ditada pela política e, como ficou comprovado no caso da rede de abastecimento de água, não havia qualquer garantia de que os recursos gerados seriam reinvestidos de maneira apropriada, sobretudo quando o governo Thatcher enfrentava problemas com gastos públicos".

O furacão Thatcher serviu de modelo para iniciativas nos vizinhos europeus e mesmo em países asiáticos, mas encontrou forte resistência interna da parte das organizações sindicais, adversários políticos e mesmo supostos aliados.

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