O procurador-geral da Venezuela, o chavista Tarek William Saab, disse que o Ministério Público vai encerrar a investigação criminal contra o principal candidato oposicionista na última eleição presidencial, Edmundo González, depois deste deixar o país devido à perseguição judicial do chavismo.
Em entrevista à CNN em espanhol, Saab informou que nesta semana se encontrará com o advogado do oposicionista, José Vicente Haro, para conversar sobre os termos em que a investigação será encerrada – evidenciando que o objetivo desde o início era forçar a saída de González do país.
“Com o representante judicial de González Urrutia, nos próximos dias definiremos as formas, modos, hora e local de como este caso será, de alguma forma, encerrado judicialmente nos termos daquela conversa que vamos manter, da própria Constituição e das leis venezuelanas, e faremos tudo o que precisa ser feito, sempre em estrita conformidade com o direito internacional de direitos humanos”, disse Saab na entrevista.
Na segunda-feira da semana passada (2), a Justiça do país, a pedido do MP, emitiu uma ordem de prisão contra González.
Ele havia sido intimado três vezes pela Procuradoria-Geral da Venezuela para que prestasse depoimento numa investigação que apura responsabilidades por um site oposicionista em que foram disponibilizadas cópias das atas de votação da eleição presidencial de 28 de julho.
Tais documentos comprovam que González venceu o pleito, ao contrário do resultado oficial do chavista Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ratificado pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), também controlado pelo regime de Nicolás Maduro, proclamado vencedor.
González não respondeu a nenhuma das intimações e por isso o MP pediu sua prisão, sendo prontamente atendido pela Justiça. No último fim de semana, o oposicionista deixou a Venezuela e foi para a Espanha.
Segundo informações do site Efecto Cocuyo, num post no X nesta segunda-feira, González voltou a comentar sua saída – já havia feito declarações nesse sentido no domingo (8).
“Tomei esta decisão pensando na Venezuela e que o nosso destino como país não pode, não deve ser, o de um conflito de dor e sofrimento”, disse o oposicionista na postagem, na qual disse que a libertação dos presos políticos continua sendo sua “maior prioridade” e “uma demanda inalienável”.
Na mensagem, González agradeceu à líder da oposição, María Corina Machado, à Espanha, por recebê-lo, e à Holanda, em cuja embaixada ficou refugiado após a eleição presidencial.