A Torre Trump, em Nova Iorque (EUA).| Foto: EFE/ Javier Otazu
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O procurador especial John Durham concluiu que o FBI não deveria ter iniciado uma investigação sobre o suposto vínculo entre a campanha do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump (2017-2021) e a Rússia nas eleições de 2016, em um relatório publicado nesta segunda-feira (15) após uma investigação de quatro anos.

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No relatório, de mais de 300 páginas, Durham disse que o FBI usou informações de inteligência "não corroboradas, não processadas e não analisadas" para iniciar investigações sobre a equipe de campanha de Trump e seus possíveis vínculos com a Rússia.

Durham foi nomeado em 2019 pelo então procurador-geral William Barr durante o mandato de Trump para examinar a investigação anterior da agência federal sobre supostos laços entre a equipe eleitoral do republicano e a Rússia.

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O procurador especial argumenta que, após analisar a investigação do FBI e outras atividades de inteligência, concluiu que "o Departamento (de Justiça) e o FBI não cumpriram sua missão de fidelidade estrita à lei em relação a certos eventos e atividades descritos neste relatório".

Durham destaca no texto que os funcionários do FBI demonstraram "uma séria falta" de rigor analítico ao lidar com as informações recebidas, especialmente aquelas relacionadas a indivíduos e entidades com afiliações políticas.

Em suma, a maneira como o FBI lidou com vários aspectos importantes desse caso foi "gravemente deficiente", de acordo com o promotor especial, que considerou que essa falha no cumprimento de sua responsabilidade para com o público causou "danos graves" à reputação da agência.

Na época, Barr abriu essa investigação após a insistência de Trump de que sua campanha havia sido objeto de espionagem antes da eleição de 2016 pela inteligência dos EUA, sob as ordens do então presidente, Barack Obama.

Dessa forma, o Departamento de Justiça investigou a si mesmo, já que a suposta espionagem teria sido realizada pelo FBI, uma agência que Trump tem criticado muito desde que chegou ao poder.

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Com esse inquérito, Trump pretendia chegar à raiz que originou a investigação sobre a chamada "trama russa" liderada por Robert Mueller, que o atormentou durante os dois primeiros anos de mandato e que terminou em março de 2019 com a conclusão de que nem ele nem ninguém de sua comitiva trabalhou com o Kremlin para vencer as eleições de 2016.

Após a publicação do relatório, a reação de Trump não demorou a chegar e, em uma mensagem em sua rede social, Truth, o ex-presidente disse que os americanos foram "enganados".

"Depois de uma extensa investigação, o promotor especial John Durham conclui que o FBI nunca deveria ter lançado a investigação Trump-Rússia! Em outras palavras, o público americano foi enganado, como agora está sendo enganado por aqueles que não querem ver a grandeza da América!", afirmou.

Em um comunicado, o FBI disse na segunda-feira (15) que sua cúpula "já implementou dezenas de ações corretivas de longa data" em resposta aos comportamentos relatados por Durham.

A nota acrescenta que, se "essas reformas" estivessem em vigor em 2016, "os erros" identificados no relatório poderiam ter sido evitados.

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Desde que os republicanos recuperaram o controle majoritário da Câmara dos Representantes dos EUA nas eleições de meio de mandato presidencial de novembro do ano passado, foram abertas investigações legislativas sobre o que Trump e apoiadores alegam ser uma manipulação de agências federais, como o FBI, para servir a fins políticos.