Beirute - Um tribunal apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) que investiga o atentado no qual morreram o ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri e mais 22 pessoas enviou ontem acusações formais sigilosas no caso ao procurador-geral do Líbano, afirmou uma fonte da oposição à agência de notícias France Presse. Quatro pessoas foram acusadas formalmente no processo e há pelo menos um integrante do Hezbollah (Partido de Deus) na lista. O Hezbollah não se pronunciou sobre o assunto.
"A informação que temos é a de que um grupo de juristas do Tribunal Especial para o Líbano enviou hoje [ontem] ao procurador-geral Saeed Mirza uma acusação no caso", afirmou Fares Soueid, graduado membro da coalizão 14 de Março, apoiada pelo Ocidente, após a divulgação da notícia em canais de televisão locais de que a acusação havia sido entregue.
Sob a condição de anonimato, um funcionário do Judiciário libanês que viu o documento identificou os indiciados à Associated Press como Mustafa Badreddine, considerado ex-subcomandante do braço armado do Hezbollah, Salim Ayyash, Assad Sabra e Hassan Anise.
Abraham Bryan, especialista em Hezbollah e colunista do jornal An-Nahar, disse que Badreddine, cunhado do falecido comandante rebelde Imad Mughniyeh, é o único suspeito de renome na lista vazada para a imprensa.
Segundo a emissora norte-americana de televisão CNN, que cita uma fonte libanesa anônima ligada ao tribunal, entre as quatro pessoas acusadas formalmente estão aquelas suspeitas de realizar o ataque. Outras duas listas com pessoas acusadas formalmente devem ser divulgadas em breve e incluirão os organizadores do atentado com uma bomba que matou Hariri e mais 22 pessoas em fevereiro de 2005, explicou a fonte.
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, afirmou que o governo dominado pelo grupo xiita Hezbollah lidará "de modo responsável e realista" com as acusações emitidas pelo tribunal. Ele notou que não foi emitido nenhum veredicto até o momento. "Todos os suspeitos são inocentes até que se prove o contrário."