A procuradora-geral do Equador, Diana Salazar, que tem estado na linha de frente da luta contra a corrupção e o narcotráfico no país, disse neste domingo (12) que os assassinos que foram contratados para executar a morte do candidato presidencial Fernando Villavicencio durante a campanha eleitoral de 2023 também possuíam ordens para matá-la.
"Acho que é hora de o país saber que quando assassinaram Fernando Villavicencio, o contrato não era apenas para uma pessoa, éramos dois. Ele foi assassinado e acredito que estão tentando cumprir esse acordo", disse Salazar, que teme pela sua vida e sua segurança.
A revelação foi feita em um vídeo publicado na internet. Nele, a procuradora faz outras diversas denúncias relacionadas a sua segurança pessoal. Ela afirma que está vivendo atualmente sob constantes ameaças à sua vida.
Nas últimas semanas, para garantir sua segurança, a procuradora adotou medidas extremas, como usar um colete à prova de balas e estar sempre acompanhada por um grupo policial armado.
Em seu escritório em Quito, capital do Equador, barreiras e até um pequeno tanque militar foram instalados como precauções adicionais.
A vida da procuradora mudou drasticamente devido ao seu compromisso com a justiça. No vídeo, Salazar diz que vive atualmente quase em um estado de prisão domiciliar, incapaz de frequentar lugares públicos ou caminhar livremente pelas ruas, pagando o preço por “fazer o que é correto”.
"Perdi a liberdade, praticamente vivo sob prisão domiciliar porque estou cercada por muitas pessoas que me monitoram 24 horas por dia [...]. A dinâmica familiar mudou, não posso ir a lugares públicos, caminhar pelas ruas e acredito que esse é um direito que todos temos. No entanto, é o preço que estamos pagando por fazer o que é certo", disse ela.
A procuradora, que também é responsável pelo caso Metástasis, que investiga a influência do narcotráfico nas bases do Estado equatoriano, incluindo em setores da Justiça e do Poder Legislativo, está sendo alvo desde 2023 de uma investigação política na Assembleia Nacional do Equador, o Parlamento do país, convocada por apoiadores do ex-presidente esquerdista Rafael Correa (2007-2017), que vive exilado. Ela também é alvo de um processo de impeachment na Comissão de Fiscalização do Parlamento, presidida pela deputada Pamela Aguirre, ligada a Correa.
“O [processo de] impeachment é uma forma de retaliação pelo trabalho que temos realizado durante esta gestão [...]. O país está em jogo, assim como a justiça, e isso [tirá-la do cargo] significaria a tomada final [pelo crime] da Procuradoria-Geral do Estado", advertiu Salazar, que esteve presente nesta segunda-feira na comissão.