A procuradoria paraguaia apresentou neste domingo (16) uma acusação formal contra 14 camponeses, dois deles menores de idade, como supostos responsáveis do massacre ocorrido há seis meses em um sítio de Curuguaty, no nordeste do país, e que foi o estopim da cassação do então presidente, Fernando Lugo.
Em entrevista coletiva, o procurador Khalil Rachid informou que a maioria está acusada pelos crimes de homicídio doloso, associação criminosa e invasão de imóvel, entre eles o suposto instigador, o líder camponês Rubén Villalba, segundo a agência pública "IP".
Rachid decidiu também sobrestar o caso contra três camponeses que tinham sido acusados.
Seis policiais e 11 camponeses morreram no último dia 15 de junho durante uma operação policial de despejo de um grupo de sem-terras em um sítio de Curuguaty, cuja propriedade era disputada pelo Estado e pelo empresário e político Blas N. Riquelme, que faleceu recentemente.
Quando os policiais tentavam negociar a saída dos camponeses, começou um tiroteio que desembocou em uma tragédia jamais vista na longa luta pela terra no Paraguai.
Segundo Rachid, "o Ministério Público está em condições de demonstrar que estas pessoas iniciaram o fogo" e que os policiais "estavam em desvantagem" contra os camponeses.
A maioria dos acusados foi detida imediatamente depois dos fatos, mas Villalba fugiu e foi preso apenas no final de setembro.
O procurador assegurou que a investigação paralela desenvolvida pela defesa dos camponeses só ajudou a "consolidar mais a investigação da procuradoria".
Pouco depois do massacre, Lugo anunciou que uma comissão independente, com apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA), averiguaria o ocorrido "à margem dos órgãos jurisdicionais" paraguaios, mas foi destituído da Presidência pelo Parlamento dias depois, considerado culpado de "mau desempenho" neste caso.
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