Os produtores rurais argentinos anunciam uma nova rodada da disputa com o governo de Cristina Kirchner, que relembra os conflitos ocorridos em março deste ano. Desde a enorme derrota que o governo sofreu no Congresso, em julho, quando o aumento dos impostos de exportações agrícolas (retenciones) foi derrubado pelo voto do vice-presidente Julio Cobos, a discussão com o setor agropecuário não evoluiu.

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Depois de uma reunião entre os líderes das entidades rurais e o secretário de Agricultura, Carlos Cheppi, na terça-feira (23), saiu o ultimato: se em uma semana não houver decisões concretas para os problemas dos produtores de gado, leite e trigo, os protestos voltarão. Um novo locaute não está descartado.

"O tempo da busca de soluções e consensos se esgotou", afirmou Luciano Miguens, presidente da Sociedade Rural Argentina, lendo um documento assinado pelas quatro entidades que a representam. "Foi uma reunião longa, amena, mas terminamos preocupados porque não houve avanço nestes 50 dias", afirmou Eduardo Buzzi, presidente da Federação Agrária. "Nos próximos dias vamos avaliar se continuamos negociando seriamente ou vamos partir para ações de protestos, nas quais não descartamos, inclusive, parar a comercialização", completou Buzzi.

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A crise entre o setor agropecuário e o governo já dura sete meses, dos quais, os primeiros quatro foram recheados de tensão e locaute, desabastecimento e uma crise que afetou seriamente o interior do país vizinho. O sinal mais evidente de que o diálogo entre as duas partes é conflitante foi dado pelas declarações do secretário de Agricultura. Segundo ele, a reunião avançou em discussões sobre os financiamentos de dívidas do setor com o Banco Nación e haverá outro encontro com os produtores de leite, na semana que vem, para melhorar os preços. Também disse que os produtores "começam a entender que o controle agropecuário e a garantia de preços internos são compatíveis".

Os produtores querem que os mercados sejam liberados da intervenção oficial, pois segundo eles ela distorce os preços e cria mercados paralelos. Desde 2006, o governo controla as exportações e fixa preços internos para o setor, como uma forma de controlar a inflação.