Produtos e brinquedos eletrônicos podem virar uma dor de cabeça para os pais. Especialistas explicam como impor limites aos filhos na utilização da tecnologia.
Vídeo game na mão. E no bolso, o celular. Para Pedro Vitor, de quatro anos, a função mais importante do celular é a de jogos. Ele segue os passos de Julia, a irmã de nove anos. O pai não acha que deu celular cedo demais para os filhos.
Para o psicólogo Aderson Costa, não há uma idade exata para a criança usar o celular. Ela precisa conseguir manusear o aparelho. Mas ele não pode ser dado como um brinquedo. Para ele, na medida em que os pais sentem a necessidade de que seus filhos tenham um celular por razão de segurança. De controle ou de facilitação de comunicação. Esse equipamento deve ser oferecido às crianças racionalmente.
A casa de Amanda tem vídeo games dos anos 80 como Atari e Nintendo e os atuais. Desde que ela tinha três anos, o pai incentivou o contato com esses aparelhos eletrônicos. "Se pudesse, ficaria [jogando] o dia inteiro", disse ela.
Do vídeo game para o computador. Mas, na internet, Amanda cumpre o acordo feito com o pai. "Quando eu acesso a internet, primeiro tem que saber o site. Eu não entro em site, não invento para ver se eu consigo entrar, nem nada. Eu só entro em sites que eu sei mesmo, que eu jogo normalmente", disse ela.
O pai de Amanda tranqüiliza. "Eu posso me considerar uma pessoa de sorte. A minha filha, sabe? A minha filha não deu nenhum trabalho quanto a isso. Ela é bem responsável, ela só acessa o que a gente dá acesso a ela. E cresceu muito. As notas melhoraram na escola. Ela tem interesse por uma língua estrangeira agora. Eu vou incentivar sempre que puder", disse ele.
A idade de Amanda, 12 anos, e as regras de casa permitem que ela aproveite o que o mundo virtual tem de melhor. Mas, até para os grandinhos, é preciso controlar o uso. A diversão eletrônica pode interferir no desenvolvimento.
"Nós só tomamos alguns cuidados para evitar atividades essencialmente solitárias, atividades que não privilegiam a interação social, evitar o excesso do uso do vídeo game por causa dos movimentos repetitivos que podem levar a lesões e o excesso de sedentarismo", alerta o psicólogo.
Mateus, com seis anos, adora ficar no computador. Os pais ficam por perto. Passados quarenta minutos, ele parte para o futebol. Ele não sabe, mas segue à risca a dica mais importante dos psicólogos: os jogos eletrônicos não podem ser a principal fonte de brincadeira, de alegria das crianças.
Para uma neuropediatra, a criança que começa cedo a usar aparelhos eletrônicos por muito tempo, pode desenvolver distúrbios de sono e de comportamento. Casos que já começaram a aparecer no consultório.
"Muitas crianças são tão viciadas em jogos eletrônicos, em vídeo games que elas não têm maturidade até para lidar com a perda. Elas querem só ganhar. Então, elas ficam agressivas, ficam irritadas, desenvolvem comportamento inadequado e não esperado para a idade. E isso reflete, inclusive, no comportamento escolar, com os colegas, né?, disse ela.
A criança precisa amadurecer para pensar como Amanda. "O virtual pode ter tudo, acontece tudo. Mas o mundo real tem limites, né? A gente não vive no computador, né? A gente vive num mundo real e esse mundo é bem melhor, eu acho!", disse ela.
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