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A Fundação Dui Hua informou nesta quinta-feira (21) que a professora universitária Rahile Dawut, integrante da minoria uigur na China, foi condenada à prisão perpétua pela ditadura chinesa.
A organização apontou que foi informada sobre o assunto por uma fonte do governo chinês. A Fundação Dui Hua é uma entidade sem fins lucrativos baseada nos Estados Unidos dedicada a buscar melhores condições de encarceramento e clemência para presos na China.
Os uigures são uma etnia majoritariamente muçulmana que habita principalmente Xinjiang, território autônomo localizado no noroeste chinês.
Nos últimos anos, a ONU, grupos de direitos humanos e inúmeros relatos denunciaram encarceramento em massa de integrantes desta etnia na região (sob pretexto de combate ao extremismo), tortura, violência sexual, execuções, perseguição religiosa e limpeza étnica – que consistiu na orquestração da imigração de pessoas da etnia han, majoritária na China, e emigração de uigures por meio de encarceramento, dessa forma dificultando a perpetuação desta etnia, além de esterilizações e abortos forçados e transferência forçada de crianças.
Esse processo, no qual mais de 1 milhão de uigures foram presos, foi classificado pelos Estados Unidos como genocídio.
Dawut, de 57 anos, é especialista no folclore e nas tradições uigures e lecionava na Faculdade de Humanidades da Universidade de Xinjiang. Publicou diversos artigos e livros sobre sua área de pesquisa, proferiu palestras em universidades do Ocidente, como Harvard, Universidade de Cornell e Universidade da Colúmbia Britânica, e foi pesquisadora visitante nas universidades da Pensilvânia, Washington, Indiana e Cambridge.
Segundo a Fundação Dui Hua, ela foi presa em dezembro de 2017 e condenada um ano depois pelo crime de “separatismo”. Ela recorreu da sentença, mas o recurso foi rejeitado pelo Tribunal Popular Superior da Região Autônoma Uigur de Xinjiang.
A Dui Hua já tinha conhecimento de que Dawut havia sido condenada a uma pena severa, mas apenas agora confirmou que se trata de uma sentença de prisão perpétua. A professora também foi condenada à perda vitalícia de direitos políticos.
De acordo com a Fundação Dui Hua, mais de 300 intelectuais uigures foram presos pela ditadura chinesa desde 2016.
Em depoimento divulgado pela organização, a filha da professora, Akeda Pulati, pediu para que a China liberte a mãe. “Preocupo-me com a minha mãe todos os dias. Pensar na minha mãe inocente tendo que passar o resto da vida na prisão me traz uma dor insuportável. China, mostre misericórdia e liberte a minha mãe, que é inocente”, afirmou.