Uma comissão municipal de Nova York ignorou os protestos e autorizou no dia 3 de agosto a construção de um monumento ecumênico religioso, que inclui uma mesquita, onde atualmente existe um edifício de 152 anos que será demolido, bem perto do local onde ficavam as Torres Gêmeas, destruídas nos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.
A Comissão para a Preservação de Monumentos de Nova York disse que aprovou por unanimidade a demolição do edifício de 152 anos, uma vez que a construção não é peculiar o suficiente para ser classificada como monumento histórico. "Este não é um edifício com especial caráter estético", disse a comissária Diana Chapin, refletindo uma postura muito parecida à de seus colegas.
O projeto da mesquita converteu-se em um assunto político nacional nos Estados Unidos. Vários republicanos de destaque se opõem a ele, como Sarah Palin, a ex-governadora do Alasca, e Newt Gingrich, ex-presidente da Câmara dos Representantes. A Liga Antidifamação, o grupo mais importante que luta pelos direitos civis dos judeus norte-americanos, também está contra.
O ex-congressista Rick Lazio, outro republicano que compete pelo governo estadual de Nova York, assistiu à reunião da comissão e criticou o grupo que planeja construir o monumento ecumênico com a mesquita, chamado Iniciativa Córdoba.
"Não é uma questão de religião", disse Lazio. "É a respeito dessa mesquita em particular, chamada de Mesquita Córdoba; o problema é que ela está no Marco Zero (onde ficavam as Torres Gêmeas do World Trade Center). Além disso, ela é chefiada por um imã relacionado a causas islamitas radicais, que fez declarações que deixariam qualquer norte-americano com os cabelos em pé."
Lazio afirma que o imã do grupo, Feisal Abdul Rauf, recusa-se a considerar o grupo palestino Hamas como uma organização terrorista. EUA, Canadá, Israel, Japão e a maior parte dos países da União Europeia classificam o Hamas como uma organização terrorista. Rauf também disse, numa entrevista ao programa de televisão 60 Minutes, transmitida pouco depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, que as "políticas dos EUA foram corresponsáveis pelo crime que aconteceu".
No dia 4 de agosto, um grupo conservador fundado pelo reverendo Pat Robertson, o Centro Americano para a Lei e a Justiça, entrou com uma petição em um tribunal, tentando bloquear a construção do centro comunitário e da mesquita. Daisy Khan, diretora executiva da Sociedade norte-americana para o Progresso Muçulmano, disse num comunicado publicado na semana passada no The Wall Street Journal que o conselho de administração do centro incluirá seguidores de outras religiões e que a construção também terá uma capela ecumênica.
O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, defendeu a decisão da comissão numa declaração dada em Governors Island, com a Estátua da Liberdade como fundo.
"Este edifício é de propriedade privada e os donos têm o direito de usá-lo como um lugar para atividades religiosas", disse Bloomberg. "O governo não tem a capacidade de negar esse direito e se isso for aos tribunais é quase certo que o judiciário definiria isso como uma violação à Constituição dos Estados Unidos", afirmou Bloomberg.
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