O promotor público responsável pelas investigações do assassinato da ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto foi assassinado ontem por um grupo de homens armados que fugiu depois do crime.
No momento em que foi morto, o promotor Chaudhry Zulfikar se dirigia a um tribunal em Rawalpindi, cidade vizinha de Islamabad, para acusar o ex-presidente militar Pervez Musharraf de envolvimento no assassinato de Benazir.
Nenhum grupo ou indivíduo assumiu a autoria do ataque, mas as suspeitas iniciais das autoridades paquistanesas recaem sobre extremistas islâmicos. O presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, condenou o assassinato e defendeu uma investigação profunda do caso.
Zulfikar havia revelado a jornalistas que estava sendo ameaçado de morte. Ele conduzia seu próprio veículo no momento do ataque. Ele foi baleado na cabeça, no peito e nos ombros. Os assassinos fugiram a bordo de um táxi e de uma motocicleta, disse Arshad Ali, oficial da polícia local.
O promotor levou pelo menos 13 tiros. O carro ficou repleto de perfurações de bala e o para-brisas foi estilhaçado. Ele perdeu o controle do veículo e acabou atropelando uma mulher, que também morreu, informou Mohammed Rafiq, outro oficial de polícia.
Um segurança que escoltava o promotor chegou a abrir fogo e diz ter conseguido ferir um dos agressores, disse Rafiq. O guarda-costas também ficou ferido no atentado.
Eleições
O assassinato de Zulfikar ocorre em um momento no qual o país se prepara para eleições em meio a uma onda de violência que já resultou em dezenas de mortes.
Zulfikar estava à frente de diversas investigações importantes, entre elas o assassinato de Benazir, no fim de 2007, e o atentado, no ano seguinte, de um grupo de extremistas paquistaneses contra Mumbai no qual 166 pessoas morreram.
Exílio
O atentado que resultou na morte de Benazir voltou aos holofotes nas últimas semanas, depois que Musharraf regressou ao Paquistão depois de um exílio espontâneo. O ex-presidente está preso por suspeita de envolvimento na morte da ex-primeira-ministra e de não ter garantido a ela uma segurança adequada.
Apesar da violência que há anos assola diversas áreas do Paquistão, é raro acontecer um atentado como o de ontem em regiões de Islamabad ou de Rawalpindi, onde vivem integrantes do alto escalão do governo e do comando militar do país, além de diplomatas estrangeiros.
Filho
Em outros ataques ocorridos ontem, homens armados a bordo de motocicletas mataram um ativista político, um candidato anti-Taleban e seu filho de seis anos. O Paquistão realizará eleições regionais no dia 11.