Buenos Aires A promotora federal María Rivas Diez pediu ontem a captura internacional de Guido Antonini Wilson, o venezuelano que há uma semana e meia tentou entrar na Argentina sem declarar com uma maleta contendo US$ 790 mil. Antonini Wilson e o dinheiro proveniente da Venezuela cujo uso no país continua sendo um mistério são o centro do maior escândalo de corrupção surgido desde o início do governo do presidente Néstor Kirchner.
A promotora também avalia pedir a captura do argentino Claudio Uberti, diretor do organismo de fiscalização de estradas e pedágios (nos últimos anos foi o responsável "informal" pela maioria dos acordos comerciais entre a Venezuela e a Argentina) que estava no jatinho que levou Antonini Wilson de Caracas à Buenos Aires. Mas segundo Rivas Diez, a Promotoria ainda não reuniu provas suficientes para pedir a prisão de Uberti.
Rivas Diez confirmou que investigará se o avião, no trajeto de Caracas à Buenos Aires, pousou no aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, onde poderia ter embarcado a polêmica maleta dos dólares, tal como afirmou na véspera o Ministro do Interior da Venezuela, Pedro Carreño.
O avião foi fretado pela estatal argentina de energia, a Enarsa. Por este motivo, o presidente da Enarsa, Exequiel Espinosa, também poderia ser detido, caso avancem as investigações da promotora.
Uberti e Espinosa são homens de confiança do poderoso Ministro do Planejamento e Obras, Julio De Vido, o homem forte do presidente Kirchner na área econômica. As lideranças da oposição pedem a renúncia de De Vido.
O escândalo também engloba, além de Antonini Wilson, os outros passageiros venezuelanos do vôo, altos executivos da estatal petrolífera venezuelana PDVSA, a menina dos olhos do presidente Hugo Chávez.
O governo argentino, tentando afastar o foco do escândalo de Buenos Aires, quer a renúncia do vice-presidente da PDVSA, Diego Uzcateguy, que estava no vôo, além de um pedido de desculpas de Caracas. Mas, o governo Chávez recusa-se a emitir qualquer explicação.